Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
O número de reclamações feitas por passageiros do Metrô explodiu em julho. E o motivo está na música de fundo dos trens e das estações das linhas 1-azul, 2-verde e 3-vermelha, que ressoa há pouco mais de dois meses.
Implantada em 10 de julho, a ação "Metrô+Música" foi responsável por praticamente três em cada quatro queixas (72,8%) feitas por passageiros já no primeiro mês, segundo dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação.
Foram 1.674 reclamações (ou 80 por dia) das 2.299 recebidas pela companhia no período. Em julho de 2017, quando ainda não havia música de fundo, o Metrô recebeu 469 reclamações no total.
Como comparação, o segundo maior motivo de críticas à companhia em julho deste ano foi a segurança, com 139 queixas (12 vezes menos). Segundo o Metrô, o custo da música nas estações e vagões é de R$ 10.645,71 mensais, por direitos autorais, referentes ao Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição).
A música em trens e vagões atrapalha a viagem da confeiteira Beatriz de Melo e Abreu, 28 anos. “Isso me incomoda da mesma forma que quando alguém ouve música no celular, sem fone. É aquilo que eles sempre proibiram e agora fazem.”
“Entrei, ouvi aquela musiquinha chatinha e decidi comprar um fone ali mesmo para poder escapar. O Metrô fala para não perturbar e ele mesmo coloca música”, afirma a vendedora Kalisy da Silva Pinheiro, 24.
Bruno Boris, professor de direito do consumidor do Mackenzie, diz que a quantidade de reclamações deve chamar a atenção do Metrô.
Ele afirma, porém, que é preciso saber, com o tempo, se a música de fato incomoda os passageiros ou se o pico de queixas se deu pela novidade. "Se persistir, é preciso rever a decisão. Quando impõe um tipo específico de música, por mais nobre que seja, a pessoa não é necessariamente obrigada a ouvir", afirma ele.
Boris diz que o Metrô pode ser acionado judicialmente por quem se sinta incomodado, embora a chance de vitória por dano moral seja pequena.
O Metrô, empresa da gestão Márcio França (PSB), disse que a música faz parte de um projeto para "humanizar o ambiente" e que, segundo pesquisa, 79% dos usuários querem que seja mantida nas estações, e 69%, nos trens.
De acordo com a empresa, levantamento antes da implantação mostrou que 73% dos passageiros aprovavam as músicas nos trens, e 75%, nas estações. "A disposição humana de reclamar de algo é muito mais mobilizadora do que a de elogiar", disse a companhia.
Não são todos passageiros que reprovam a novidade. O som durante a viagem é apontado como relaxante pela cuidadora de idosos Eliana Carlos, 41. “A música é muito boa. A gente sai cansada do trabalho, da faculdade e acaba relaxando um pouco. Gosto muito do repertório”, afirma.
O autônomo Vitor Guimarães, 39, é outro passageiro que defende a música ambiente nos vagões e estações. “Acho bacana, até descontrai. Acalma bastante a gente”, afirma
MÚSICA NO METRÔ DE SÃO PAULO
55 estações devem receber o projeto, que está sendo implantado progressivamente desde julho
142 trens das linhas 1-azul, 2-verde e 3-vermelha terão música até o fim da implantação do programa
R$ 35 mil é o custo mensal do projeto
R$ 10,6 mil são gastos por mês com pagamento de direitos autorais
200 músicas compõem a playlist, com ritmos como bossa nova, samba e jazz
3,5 milhões de pessoas passam pelo metrô de São Paulo todos os dias
Fonte: Metrô de São Paulo
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters