Mudança em critério de segurança levou a evacuação em cidade mineira, diz mineradora
Moradores foram acordados por volta das 2h30 com alertas de evacuação e sirenes de viaturas
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Uma mudança no critério de segurança de uma barragem foi o que provocou a evacuação de cerca de 150 pessoas na madrugada desta sexta (8) em Itatiaiuçu, a 80 km de Belo Horizonte, segundo a mineradora ArcelorMittal.
Os moradores do bairro Pinheiros foram acordados por volta das 2h30 por funcionários da empresa, policiais militares e bombeiros, que passaram de casa em casa –são 54– alertando sobre a evacuação com as sirenes das viaturas ligadas.
A comunidade então se dirigiu para ruas altas da região, incluindo uma praça às margens da rodovia Fernão Dias. Ali, pela manhã, a população passou a ser cadastrada pelas autoridades. Quem mora em área de risco foi levado a um hotel pela mineradora ou optou por ficar com parentes. Já quem vive fora dessas áreas pôde voltar para casa.
Segundo a empresa, até o início da tarde 64 pessoas estavam hospedadas nesse hotel, em Itaúna (a 25 km de distância), e outras 36 ainda estavam sendo cadastradas. A avaliação de risco das casas é feita com base no plano de emergência da barragem, que diz até onde a lama pode chegar.
O diretor de mineração da ArcelorMittal, Sebastião Costa Filho, afirmou em entrevista coletiva que a estrutura da barragem de Serra Azul não sofreu danos recentemente. O que provocou a evacuação foi a alteração dos critérios geotécnicos de avaliação de risco.
Segundo ele, depois da tragédia de Brumadinho, a mineradora adotou parâmetros mais rígidos, o que fez com que a segurança da barragem, que era classificada como nível 1, fosse reavaliada como nível 2 (numa escala de 1 a 3).
A empresa, porém, não explicou quais elementos técnicos, como nível de água ou medições de sensores, levaram à reclassificação. A análise foi feita por uma consultoria australiana.
A barragem de Serra Azul está desativada desde outubro de 2012 e foi construída pelo método de altamente a montante, o mesmo de Brumadinho e Mariana. Ela contém 3,8 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro, com 25% de concentração de água, o que segundo a mineradora é seguro.
De acordo com o diretor, o sistema de sirenes da barragem não foi acionado porque não se tratava de um caso de ruptura iminente ou de simulação, e a evacuação foi feita de madrugada porque foi necessário avisar e discutir a decisão com as autoridades.
"Recebemos a informação [da mudança do nível de risco] durante o dia e, de posse dela, contatamos todas as autoridades. O protocolo leva um tempo, não temos poder para fazer remoção", afirmou.
Moradores reclamaram da forma como foram despertados de madrugada e relataram medo de suas casas agora vazias serem roubadas –a mineradora disse que a área está sendo patrulhada pela polícia. Também criticaram o fato de que, após o caso de Brumadinho, engenheiros das minas da cidade garantiram segurança das barragens à cidade.
"Nunca houve treinamento das mineradoras. E só escuta a sirene quem está grudado nela", diz a aposentada Martha Cardoso, 62, moradora da área de risco.
Não há previsão para que as famílias voltem para casa no bairro Pinheiros. A mineradora se comprometeu a pagar a hospedagem dos desabrigados até lá. Prometeu também comprar novas casas para quem quiser se mudar.
Erramos: o texto foi alterado
Diferentemente que afirmava a reportagem, a barragem de Serra Azul contém 3,8 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro, e não 3,8 metros cúbicos.
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