Mortes: Feirante, trabalhou desde os 6 e cuidou de crianças pobres
Manelão era famoso pelos bordões 'Fala, comandante' e 'Alô, Brasil'
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Manoel da Silva Filho começou a trabalhar aos 6 anos regando o jardim da casa de sua professora, em Monte Azul Paulista (SP). Depois, ainda na infância, foi entregador de marmita e de leite e trabalhou como carregador de caixas numa fábrica de sucos.
Talvez por isso tenha se preocupado tanto com a proteção das crianças: há 20 anos comandava a associação Nossa Turma, que hoje atende a 165 crianças e adolescentes de comunidades pobres no entorno da Ceagesp, entreposto comercial de São Paulo.
Da infância difícil —negro, sofreu racismo e nunca deixou de trabalhar—, primeiro em Monte Azul e depois na vizinha Bebedouro, contou com seu característico bom humor ao Museu da Pessoa em 2012.
Mudou-se em 1971 para a capital para ser vendedor na Ceagesp (viveu por oito anos lá mesmo), onde trabalhou a vida toda. Em 1998, criou uma escolinha de futebol para as crianças que trabalhavam ou pediam comida no local, no que depois viria a se formar a associação Nossa Turma, que ele presidia desde 2002.
Manelão, como era conhecido pelos amigos, era famoso pelos bordões “Fala, comandante!” e “Alô, Brasil”. Manteve uma coluna no jornal da Ceagesp, onde falava do cotidiano do entreposto.
Em 2002, sua história foi contada na Folha, numa coluna de Gilberto Dimenstein. Depois, entrou no livro “Heróis Invisíveis” do autor, de 2004, que reuniu uma série de perfis de paulistanos.
O comandante, como também era chamado, sucumbiu a um câncer que havia descoberto em abril deste ano e morreu no último domingo (9), aos 67. Manelão deixa a mulher e três filhos.
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