O último papel de Lafayette Galvão na TV foi um idoso rabugento na temporada de 2009 de “Malhação” —personagem que, de certa forma, lembrava o velho ator.
Era conhecido por ser “pessimamente humorado, mas era um mau humor hilário”, conta a filha Eliza. “A gente ficava constrangido, mas passava mal de rir”, diz, relembrando de como o pai, que cultivou por décadas uma longa barba branca, reagia mal ao ser comparado a Papai Noel.
Com 50 anos de televisão, Lafayette participou de importantes telenovelas como “Terra Nostra” (1999), “Mulheres de Areia” (1993), “A Viagem” (1994), “América” (2005) e “A Próxima Vitima” (1995).
Nascido em Pouso Alegre (MG), mudou-se para o Rio porque sonhava em ser cantor, carreira que acabou por desistir. Mas manteve ligação com a cidade natal: usou-a como cenário de seu romance “Bêra Córgo”.
Além do romance, Galvão escreveu uma série de peças. Trabalhava no teatro desde os anos 1950, campo em que era especialmente rigoroso, inclusive com o trabalho de Eliza, que seguiu a mesma carreira. Gostava de sentar-se na última fileira nos espetáculos para sair da sala caso a peça não lhe agradasse.
Num dos espetáculos que dirigiu, uma atriz, ao entrar em cena, caiu e disse sua fala aos trancos, com o figurino caindo, narra Eliza. “Ela estava nervosa com a reação do meu pai. Quando acabou a peça, meu pai chegou perto dela, olhou-a no fundo dos olhos por dez segundos e disse: ‘Mantenha a queda’.”
Foi casado por 55 anos —na comemoração das bodas de ouro, disse à mulher: “Meus ‘parapêsames’”, diz a filha, rindo.
Acometido de uma infecção pulmonar, morreu no último dia 7, aos 87 anos. Deixa a mulher, três filhos e netos.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.