Mortes: Dona Saúde, a bordadeira mais famosa do Carnaval paulistano
Mesmo debilitada, bordadeira trabalhou até entregar o último pedido no Carnaval de 2019
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Dona Saúde não dava ponto sem nó. Era dessas costureiras de mão cheia, desde a juventude, quando assumiu o primeiro emprego: bordadeira numa loja esportes. Mineira, nascida em Salinas, mudou bem cedo para São Paulo e passou a torcer pelo Palmeiras, daí o afinco com os uniformes dos times.
Certa vez, costurou um pedido diferente, de uma bandeira dessas de futebol. Quem viu foi Raimundo Mercadoria, então diretor de harmonia da Rosas de Ouro, que logo pediu para ela um pavilhão, que seria carregado por uma das porta-bandeiras da escola. Para os sambistas, este é o símbolo maior da agremiação e é tratado com respeito, cerimônia e reverência.
A primeira encomenda, há quarenta anos, ficou tão boa que vieram outros pedidos da escola. A fama se espalhou e Maria da Saúde passou a ser responsável por fazer os pavilhões de todas as agremiações de São Paulo, como Mancha Verde e Vila Maria, e inúmeras do Rio de Janeiro, a exemplo da Mangueira, Portela e Salgueiro, de Porto Alegre, Manaus e até no exterior, levando a arte brasileira ao Carnaval Suíço e Japonês.
Ela também fazia estandartes para os blocos e faixas para concursos de rainhas. Eram centenas por ano. Quando sobrava tempo, aos finais de semana, curtia ir à praia, assar um churrasquinho com a família ou preparar sua outra especialidade: um mineiro feijão tropeiro de dar gosto.
Católica, fazia também viagem anual ao santuário de Nossa Senhora Aparecida, no interior paulista.
Mesmo debilitada por um câncer no estômago, a bordadeira trabalhou até entregar o último pedido no Carnaval de 2019. Morreu no dia 20 de julho, aos 70 anos. Deixou cinco irmãos, três filhas — uma delas com seu dom de bordar —, sete netos e quatro bisnetos.
coluna.obituario@grupofolha.com.br
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