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Descrição de chapéu Saneamento no Brasil

Menino tem infecção grave após engolir água contaminada no Pará

'Perguntaram o que ele tinha comido. Eu disse: comeu nada, mas ele caiu no canal e engoliu água', diz mãe

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Ananindeua (PA)

Mal entrou em casa, Ingrid Katrine, 21, ouviu o grito. Por sorte, a tempo de sair e ver o filho, com dois anos na época, caindo na beira de um córrego por onde escoam canos de parte das casas do conjunto Tauari, em Ananindeua, cidade paraense próxima a Belém .

“Só vi ele gritando: ‘mã’! Foi aí que pulei e peguei ele”, relata Ingrid. “A sorte foi que ele se segurou, senão a água tinha levado e meu filho teria morrido.”

Resgatado, o menino parecia bem. Dois dias depois, porém, perdeu o apetite, passou a vomitar e teve diarreia.

No hospital, exames apontaram uma infecção grave. “Perguntaram o que ele tinha comido. Eu disse: comeu nada, mas ele caiu no canal e engoliu água”, conta.

O canal a que Ingrid se refere é um córrego que fica em uma área sem acesso à rede de esgoto, e que recebe os dejetos das casas por meio de canos. “É o resto de tudo e de todos”, define.

Em dias mais quentes, um forte cheiro se espalha pela região. Quando chove, a água entra dentro das casas e se mistura com o córrego.

Foi em um dia assim, em 2017, que o menino caiu na água. Levado à UPA, foi internado, mas demorou a apresentar melhora.

“Ele tinha muito vômito, muita diarreia. Emagreceu, teve febre e até sangue chegou a baldear”, relata Ingrid, que calcula ter ficado um mês entre idas e vindas ao hospital.

Meses depois, acabou se mudando para outra casa na vizinhança, marcada por ocupações irregulares e ausência de alguns serviços essenciais.

Embora haja acesso à energia e à coleta de lixo, a região tem parte das vias não pavimentadas e com problemas de drenagem, além da ausência de rede de água e esgoto.

“Depois que meu filho caiu, quis até ir embora, mas não tenho para onde ir”, diz ela, que já chegou a passar três dias coletando assinaturas de vizinhos para exigir maior infraestrutura. “Mas não adiantou. Agora, estamos pensando em fazer de novo.”

 

Questionada pela reportagem, a Prefeitura de Ananindeua afirma que o crescimento desordenado da cidade nos últimos anos levou ao atraso no saneamento. 

 
 
Ainda segundo a prefeitura, o atendimento em água e esgoto é de responsabilidade da Cosanpa (Companhia de Água e Esgoto do Pará).

Em nota, a companhia atribui os baixos índices de atendimento à falta de investimentos em gestões anteriores.

A empresa diz ainda que tenta reverter a situação no estado com obras em 13 municípios, incluindo Ananindeua, que hoje somam R$ 1 bilhão.

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