Descrição de chapéu Saneamento no Brasil

Menino tem infecção grave após engolir água contaminada no Pará

'Perguntaram o que ele tinha comido. Eu disse: comeu nada, mas ele caiu no canal e engoliu água', diz mãe

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Moradores caminham no conjunto habitacional Tauari, em Ananindeua, que sofre constantes alagamentos após chover, quando canais de esgoto invadem as casas 

Conjunto habitacional Tauari, em Ananindeua, sofre constantes alagamentos após chover, quando canais de esgoto invadem as casas   Pedro Ladeira/Folhapress

Ananindeua (PA)

Mal entrou em casa, Ingrid Katrine, 21, ouviu o grito. Por sorte, a tempo de sair e ver o filho, com dois anos na época, caindo na beira de um córrego por onde escoam canos de parte das casas do conjunto Tauari, em Ananindeua, cidade paraense próxima a Belém .

“Só vi ele gritando: ‘mã’! Foi aí que pulei e peguei ele”, relata Ingrid. “A sorte foi que ele se segurou, senão a água tinha levado e meu filho teria morrido.”

Resgatado, o menino parecia bem. Dois dias depois, porém, perdeu o apetite, passou a vomitar e teve diarreia.

No hospital, exames apontaram uma infecção grave. “Perguntaram o que ele tinha comido. Eu disse: comeu nada, mas ele caiu no canal e engoliu água”, conta.

O canal a que Ingrid se refere é um córrego que fica em uma área sem acesso à rede de esgoto, e que recebe os dejetos das casas por meio de canos. “É o resto de tudo e de todos”, define.

Em dias mais quentes, um forte cheiro se espalha pela região. Quando chove, a água entra dentro das casas e se mistura com o córrego.

Foi em um dia assim, em 2017, que o menino caiu na água. Levado à UPA, foi internado, mas demorou a apresentar melhora.

“Ele tinha muito vômito, muita diarreia. Emagreceu, teve febre e até sangue chegou a baldear”, relata Ingrid, que calcula ter ficado um mês entre idas e vindas ao hospital.

Meses depois, acabou se mudando para outra casa na vizinhança, marcada por ocupações irregulares e ausência de alguns serviços essenciais.

Embora haja acesso à energia e à coleta de lixo, a região tem parte das vias não pavimentadas e com problemas de drenagem, além da ausência de rede de água e esgoto.

“Depois que meu filho caiu, quis até ir embora, mas não tenho para onde ir”, diz ela, que já chegou a passar três dias coletando assinaturas de vizinhos para exigir maior infraestrutura. “Mas não adiantou. Agora, estamos pensando em fazer de novo.”

 

Questionada pela reportagem, a Prefeitura de Ananindeua afirma que o crescimento desordenado da cidade nos últimos anos levou ao atraso no saneamento. 

 
 
Ainda segundo a prefeitura, o atendimento em água e esgoto é de responsabilidade da Cosanpa (Companhia de Água e Esgoto do Pará).

Em nota, a companhia atribui os baixos índices de atendimento à falta de investimentos em gestões anteriores.

A empresa diz ainda que tenta reverter a situação no estado com obras em 13 municípios, incluindo Ananindeua, que hoje somam R$ 1 bilhão.
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.