A bela e marcante voz da música negra pernambucana era somente uma das grandes qualidades de Expedito Paula Neves, o Dito d'Oxóssi, babalorixá e vocalista, compositor e fundador do Afoxé Ylê de Egbá, um dos mais conhecidos grupos religiosos do Nordeste.

Dito d'Oxóssi, como ficou mundialmente conhecido, morreu no dia 15 de dezembro, aos 58 anos, de parada cardiorrespiratória.

Um dos fundadores do Movimento Negro Unificado, Dito d' Oxóssi difundiu e valorizou a musicalidade negra. Levou o Afoxé de Pernambuco aos quatro cantos do mundo.

A militância começou na adolescência, época em que participou de vários movimentos negros.

Ao longo da vida e à frente do Afoxé Ylê de Egbá, desenvolveu ações sociais na comunidade Alto José do Pinho, no Recife, onde lecionava pintura africana e percussão.

"Ele formou vários multiplicadores da arte de percussão", diz o amigo e coordenador do Afoxé, o funcionário público federal Everaldo Veloso Rezende, 60.

Era bondoso e rígido ao mesmo tempo. Mantinha a hierarquia e a disciplina rigorosa para preservar os ancestrais que deixaram ensinamentos aplicados durante sua vida.

"O Dito lutava pelos direitos de todos: mulheres, crianças, negros, pelo direito à educação e à saúde. Seu legado é grande. Ele não gostava de injustiças e a honestidade estava acima de tudo", diz Rezende. 

Incansável, seus momentos de lazer eram raros e tinham endereço certo: um jardim dentro de casa onde permanecia para descansar e meditar.

Dito d' Oxóssi deixa esposa, cinco filhos, netos e uma bisneta.

coluna.obituario@grupofolha.com.br
 
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