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Descrição de chapéu Obituário Roberto João Frizzo e Maria de Lourdes Frizzo (1939 - 2020)

Mortes: Unido por 56 anos, casal morre com horas de diferença

Roberto João Frizzo gravava músicas e clipes para oferecê-los à esposa

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São Paulo

A música foi o tempero especial da história de amor entre Roberto João Frizzo, 80, e Maria de Lurdes Frizzo, 78.

O "era uma vez" do casal começou em Farroupilha (RS), cidade onde ela nasceu. Foi como um conto de fadas, mas embalado por serenatas.

Assim que a viu pela primeira vez, Roberto, que era de Caxias do Sul (RS), apostou com um amigo que conquistaria Lurdes e se casaria com ela. 

Roberto João Frizzo (1939-2020) e Maria de Lourdes Frizzo (1941-2020) - Arquivo pessoal

O noivado de sua amada com outro rapaz não foi um obstáculo. Com o compromisso desfeito, os dois namoraram e se casaram.

Desde o início, a música envolveu a vida do casal. Roberto, que trabalhava como fiscal da receita estadual, era cantor e violonista, e a professora Lurdes tocava acordeom. 

Voltados à comunidade, ambos trabalharam voluntariamente com famílias pobres e jovens solteiros na igreja, além de fazer encontro de casais. Lurdes, inclusive, ajudou a fundar a Cruz vermelha em Caxias do Sul, entidade que teve seu marido como presidente. 

O sentimento entre eles era registrado através de canções. "Meu pai gravou três CDs com músicas românticas dedicadas à minha mãe e as demais à família e aos amigos. O gosto pela música ultrapassou gerações. A família é toda musical. Meu filho toca piano lindamente e era o orgulho do avô", relata a filha, a corretora de imóveis Simone Frizzo Salvador, 55.

Além dos CDs, o companheiro fazia clipes para presentear a amada, como o produzido com a música "Conversa de Jardim", de Antônio Marcos (este editado por Joel Vianna). 

Roberto chegou aos 80 anos com espírito jovem e aventureiro. Com 79, saltou de paraglider (semelhante a um paraquedas). 

A esposa, mais tímida, mimava-o. Fazia tudo por ele, até a mala em viagens. Os dois se chamavam de benzinho.

Após o diagnóstico de mal de Alzheimer da companheira, a posição se inverteu, e Roberto cuidou dela por mais de 15 anos até ela ser internada em uma clínica. "Ela pode não saber quem eu sou, mas eu sei quem ela foi", Roberto dizia a todos.

Mesmo com câncer de próstata e metástases pelo corpo, o marido visitava a mulher semanalmente. "O amor não é um sentimento, é uma atitude", dizia aos quatro cantos.

Dez dias antes das mortes, Roberto ficou desesperado quando viu Lurdes em estado de saúde pior. "Meu pai desejava morrer após a minha mãe, porque se sentia responsável por ela, mas dizia que queria ir um minuto depois", conta Simone. 

O casal morreu no dia 14 de janeiro. Lurdes se foi primeiro, às 9h14. A família deu a notícia ao Roberto por volta de meio-dia. "Ele abriu e fechou os olhos, e silenciou. Morreu 40 minutos depois", conta Simone. Eles deixam três filhas e quatro netos.

As cinzas do casal serão depositadas em local que será definido pela família. "Tem que ser um lugar muito bonito. Talvez, no mar. Meu pai adorava o mar."

"Sortudos foram os que puderam cruzar com os caminhos de vocês, que encantaram o mundo e viveram cada dia como se fosse o último. Naquele 29 de junho de 1963, vocês juraram ficar juntos até que a morte os separassem, mas nem ela foi capaz de afastá-los", escreveu em uma rede social a estudante de psicologia Luiza Frizzo de Godoy, 22, neta dos dois.

coluna.obituario@grupofolha.com.br
 
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