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Descrição de chapéu Coronavírus

Covid-19 avança no Sul e Centro-Oeste, que podem virar epicentro

Taxas de transmissão da doença estão crescendo pelos estados das duas regiões

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Curitiba , Porto Alegre e Ribeirão Preto

A pandemia do novo coronavírus, que entrou pelo Sudeste, passou pelo Norte e Nordeste do Brasil, agora se fixa no Sul e Centro-Oeste do país. Monitoramento da Universidade Federal do Paraná (UFPR) mostra que a taxa de transmissibilidade da doença está em ascensão nas duas regiões há cerca de três semanas.

O número indica o esperado de transmissões que devem ocorrer a partir de um infectado. Quando está abaixo de 1, aponta uma queda progressiva da incidência. É o que ocorre no Sudeste, com taxa de 0,93, nesta terça-feira (30), considerando o número de mortos pela doença – dado menos volátil, de acordo com os pesquisadores.

No Sul, esse índice chegou a 1.24, seguido do Centro-Oeste, com 1,2. No Brasil, a taxa acumulada é de 0.96.

“A gente não atingiu o mesmo nível da pandemia de outras regiões, mas resta saber até quando vai esse aumento”, afirma o estatístico Wagner Bonat, coordenador do estudo da UFPR.

Os estados das duas regiões continuam na parte baixa da tabela de casos e mortes causadas pela Covid-19 na comparação com o restante do país. Mas os dados apontam para um crescimento nos próximos dias.

A expansão da pandemia fez com que o governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), decretasse as primeiras medidas duras, com uma quarentena mais restritiva para metade da população. Os diagnósticos positivos para a doença mais que dobraram em duas semanas – de 9.583 para 23.965. As mortes pela infecção também duplicaram no período – foram de 326 para 650.

A taxa de transmissibilidade, considerando os óbitos pela doença, está em 1,17 no estado.

A rapidez na evolução coincidiu com a retomada de praticamente todas as atividades no Paraná, incluindo shoppings e academias. As regiões leste, onde fica Curitiba, e oeste são as que mais sofrem com a falta de UTIs, com taxa média de ocupação de 75%. Na capital, o porcentual chegou a 87% nesta terça-feira.

Mesmo fenômeno é observado em Santa Catarina, em que o aumento de infecções e óbitos está diretamente ligado à flexibilização das atividades, como aponta Fabrício Menegon, chefe do Departamento de Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Com 1,34, possui a taxa de transmissibilidade mais alta dos três estados, segundo o estudo da UFPR.

“É um reflexo agudo do relaxamento das medidas de distanciamento social. A população está indo mais às ruas, se expondo mais. Isso aumenta a taxa de contágio e de mortalidade”, diz.

No início de junho, o governador Carlos Moisés (PSL) anunciou a gestão compartilhada de combate à pandemia. Os serviços, como o transporte público, passaram a ser flexibilizados regionalmente, considerando o avanço da doença e ações de controle por cidade.

Desde então, o número de casos no estado triplicou – passou de 9.498 para 27.279. Eram 157 mortos até então, que agora somam 347, mais que o dobro.

Com medidas duras de isolamento, Florianópolis registrou um mês sem mortes pela Covid-19 no início de junho. Agora, está com quase 81% das UTIs ocupadas e contabiliza 15 óbitos.

Bonat explica que quando medidas de flexibilização ou endurecimento das restrições são adotadas, elas refletem rapidamente nos números de contágios. Atualmente, a tendência é de aumento dos casos nos três estados.

Menegon destaca que a piora do quadro coloca em risco a capacidade do sistema de saúde. Por isso, prefeituras deveriam adotar medidas rígidas de distanciamento “articuladas com estratégias para proteger a renda das camadas mais vulneráveis”.

Mas não é o que tem ocorrido na prática. No Paraná, somente três das sete maiores cidades afetadas pelo novo decreto estadual acataram a determinação, fechando as atividades não-essenciais.

“As medidas de isolamento no início da pandemia atrasaram o processo de proliferação [da doença]. Mas, desde o relaxamento do distanciamento, estamos subindo a curva e não achatando. Caminhamos rumo ao caos do sistema de saúde”, diz Claudio Augustin, presidente do Conselho Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul (CES/RS).

Porto Alegre está com 80% das UTIs ocupadas, mas há casos, como o Hospital Nossa Senhora da Conceição, em que sobraram apenas 5% de vagas. Segundo o estudo da UFPR, a taxa de transmissão marca 1,29, apontando para um crescimento progressivo.

A flexibilização da economia gaúcha foi anunciada em 30 de abril, quando havia 1.530 casos em 142 cidades e 51 mortes. Houve um aumento nos registros da doença. O estado tem mais de 28 mil infectados, em 405 cidades, com mais de 663 mortes.

Na região Centro-Oeste do país, os maiores índices de transmissibilidade da Covid-19 são registrados em Mato Grosso e Goiás (ambos com 1,2). No primeiro, a situação é crítica no quadro de UTIs públicas. Nas 13 unidades de oito cidades do estado que atendem pacientes da Covid-19 há pelo menos 75% dos leitos ocupados e, em oito, a taxa está acima de 80%.

Seis delas ficam no interior do estado. Cinco estavam lotadas na última segunda-feira (29). A unidade com mais leitos no interior fica no Hospital Regional de Sinop, sob gestão estadual, onde todas as 20 vagas estavam ocupadas. Na cidade, já são 21 óbitos causados pela doença.

O cenário chegou ao ponto de, em Cáceres, faixas com frases como "Não temos UTI's - Pelo amor de Deus fique em casa" terem sido espalhadas. Os cinco leitos de UTI no Hospital São Luiz estavam ocupados nesta quarta (1).

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