Depois de 23 dias de luta contra a Covid-19, Alan Boggiss, 27, paciente com Síndrome de Down, se despediu nesta quinta-feira (2) do Hospital Pró-Cardíaco, em Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro. Foi saudado com aplausos dos profissionais da instituição, de amigos e da família. Na saída da unidade, o jovem carregava um cartaz no qual dizia: “Sorrindo com vida”.
Alan ficou entubado por 11 dias e passou uma quinzena dentro do Centro de Terapia Intensivo (CTI) do hospital. “Eu orei, Deus me ouviu. Venci o coronavírus. Quero comemorar o meu aniversário, no dia oito de julho, com uma festa do Batman”, comemorava o rapaz já em casa.
Alan tem as suas próprias definições sobre a doença. “O coronavírus é uma coisa implicante, muito chata”.
Ao lado do filho, a funcionária pública Violeta Boggiss, 62, diz que sempre acreditou na recuperação. “Jamais perdi a minha fé. Contamos com uma rede de solidariedade enorme. Muitas pessoas torceram por ele”.
Segundo Violeta, ela e o filho estavam há mais de 90 dias em casa quando o rapaz começou a sentir dores nas pernas e febre. A mãe achou até que Alan estivesse com pneumonia, uma vez que ele sempre apresentou o quadro da doença nesta época do ano. Seguindo a orientação de um médico da família, ele foi para o hospital, e ficou internado no dia 9 de junho.
“Levei para o hospital um Santo Antônio de Pádua que tenho dentro de uma bala de revólver. O Alan pegou um crucifixo para levar com ele. Guardei essas duas coisas comigo o tempo todo. Fiquei junto dele de capote e todo material de proteção necessário”, contou Violeta, que não testou positivo para a doença.
Coordenador médico da rotina do CTI do Hospital Pró-Cardíaco, Felipe Saddy afirma que alguns casos de síndrome de Down acabam sendo do grupo de risco por apresentarem cardiopatias. Alan teve o pulmão muito comprometido, sendo necessária a intubação e o uso medicamentos anticoagulante e corticoide.
Na saída do hospital, Arthur, 33, irmão de Alan fez um apelo para que as pessoas fiquem em casa, evitem aglomerações, usem máscaras e mantenham as mãos limpas: “Somos privilegiados, principalmente, pelo final feliz e meu irmão em casa curado. Infelizmente, nem toda história termina assim”, afirmou.
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