Siga a folha

Descrição de chapéu Obituário Luzia Bispo da Silva (1938 - 2020)

Mortes: Dona do próprio tempo, viveu o sonho de ser professora

Luzia Bispo da Silva formou-se em geografia após 50 anos de idade

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

Era impossível não notar a presença marcante da professora Luzia Bispo da Silva. A neta, a jornalista Aline Luiza Alves Pardos, 38, conta que sua entrada em casa acontecia de forma triunfal e espalhafatosa: “cheia de sacolas, falando alto e fazendo barulho”.

A alegria dava lugar ao mau humor quando alguém lhe perguntava a idade. O segredo, guardado a sete chaves, morreu com ela, no dia 29 de novembro.

Segundo familiares, ao chegar a São Paulo, Luzia providenciou novos documentos e alterou o ano de nascimento para 1938.

Luzia Bispo da Silva (1938-2020) - Arquivo pessoal

Natural de Jaguaquara, interior da Bahia, Luzia não conheceu o pai e perdeu a mãe muito cedo. Passou parte da vida nos municípios baianos Ibicuí e Vitória da Conquista —lá casou-se com Adriano Bispo da Silva e teve a primeira filha. As demais nasceram no interior paulista.

O sonho de ser professora a acompanhava desde cedo, pois enquanto morava na roça ensinava o pouco que sabia na fazenda onde trabalhava.

A partir dos anos 1960, quando chegou a São Paulo, fez de tudo um pouco: foi de costureira a exímia cozinheira.

Após 50 anos de idade, formou-se em geografia e realizou o sonho de ser professora.

Em muitos momentos ao longo da vida, venceu preconceitos por ser negra, mulher, da periferia e nordestina.

Luzia tinha “rodinhas nos pés”. Inquieta, circulava pela capital, pelo interior e outros estados em visitas aos parentes e amigos. Por onde passava, fazia amizade fácil e conquistava todos.

Já em idade avançada, tirou carteira de motorista e deixou a família de “cabelo em pé”.

Há alguns anos foi diagnosticada com Mal de Alzheimer, mas surpreendia nas conversas lúcidas e nos comentários sobre qualquer tema.

Seu nome foi uma homenagem a Santa Luzia por ter nascido no mesmo dia, 13 de dezembro.

Aos 82 anos, complicações de uma pancreatite colocaram um ponto final na história de sonhos e batalhas de Luzia. Viúva, ela deixa quatro filhas, 11 netos e 12 bisnetos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

Veja os anúncios de mortes

Veja os anúncios de missa

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas