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Descrição de chapéu Obituário Maria de Lourdes da Rocha e Silva Lacerda (1929 - 2021)

Mortes: Escolheu o amor na esquina mais famosa de São Paulo

Mesmo com a perda dos filhos e do marido, Maria de Lourdes da Rocha e Silva Lacerda nunca contestou os contratempos da vida

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São Paulo

O famoso cruzamento das avenidas Ipiranga e São João (centro), eternizado na música “Sampa”, do cantor e compositor Caetano Veloso, guarda um pedaço da história de amor de Maria de Lourdes da Rocha e Silva Lacerda com o marido Constantino Lacerda.

Na ocasião, casada e com uma filha, também chamada Maria de Lourdes, ela tentava vencer a pressão do pai Jorge Rocha e Silva para que concordasse morar sob o seu teto.

Após uma briga, Constantino disse à esposa que esperaria por ela às 18h, na esquina mais conhecida de São Paulo, se decidisse continuar com ele.

Maria de Lourdes da Rocha e Silva Lacerda (1929-2021) e o bisneto Nikolas - Arquivo pessoal

A escolha por viver ao lado do marido fez com que perdesse o contato com o pai até o nascimento da segunda filha, Maria Helena —11 anos depois, deu à luz o terceiro filho, Jorge.

O casal havia se conhecido no Carnaval de 1946, no Rio de Janeiro, e namorado sob a vigilância da família.

Maria de Lourdes, ou Lourdinha, como preferia ser chamada, era a caçula de seis filhos. Ainda criança mudou-se para São Paulo, onde o pai tinha uma fábrica de tintas.

Chegou à idade adulta como espectadora da vida. “Minha avó aceitou a forma com a qual a vida se apresentou e nunca reclamou”, diz o arquiteto Mony Lacerda Khouri, 42, seu neto.

A partir de 1990, perdeu os filhos e o marido. Naquele ano, a filha mais velha não resistiu a um câncer, aos 41 anos. Em 2012, foi a vez do rapaz, 50, num acidente automobilístico. Seis meses depois Constantino partiu por complicações de uma demência frontotemporal. Em 2017, Maria Helena fez uma cirurgia para a retirada do baço e não resistiu ao procedimento, aos 65 anos.

Lourdinha viveu até os últimos dias completamente funcional, independente e sábia. Após uma queda, aos 89 anos, perdeu os movimentos do braço direito, mas continuou a vida. “O dia que eu for pode ter a certeza de que será contrariada”, dizia a todos.

O cargo de festeira da família pertencia a ela. No Natal de 1994 uniu 84 pessoas de gerações diferentes para a comemoração.

No dia a dia, divertia-se com as novelas, os jogos no iPad ou os stickers no WhatsApp.

Maria de Lourdes da Rocha e Silva Lacerda morreu no dia 1º de janeiro, aos 91 anos, por complicações de Covid-19. Deixa três netos e três bisnetos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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