Mortes: Fugida do nazismo, criou família grande e gosto pelo futebol
Sonia Sendacz morreu por complicações da Covid-19
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Uma vida relevante cheia de aventuras difíceis e desafios, mas também com histórias engraçadas. Sonia Sendacz (batizada originalmente de Senta) nasceu em 23 de março de 1924 em Magdeburg, Alemanha.
Às vésperas de estourar a Segunda Guerra Mundial, a mãe de Sonia resolveu aderir a um programa da Inglaterra para a retirada e fuga de crianças judias da Alemanha (Kindertransport). Ela nunca mais ouviu falar de sua mãe ou soube do seu destino.
Já adolescente, chegou à Inglaterra sem lenço nem documento. Foi enviada à Irlanda aos cuidados de uma família judia, onde não se adaptou. Soube então que a Royal Air Force inglesa estava procurando pessoas que dominassem os idiomas alemão e inglês para fazer escuta e decifrar códigos de transmissão dos alemães.
Sonia resolveu se alistar na Royal Air Force para essa missão e lá ficou trabalhando durante todo o período de guerra. Quando finalmente a guerra terminou, ela procurou uma entidade inglesa que, na medida do possível, procurava parentes de judeus sobreviventes. Lá conseguiu encontrar uma tia em São Paulo e aqui veio aportar.
Casou-se com Isaac Sendacz, formou família e trabalhou no Brasil, país que a acolheu. Viveu uma vida difícil e solitária até chegar aqui; depois, viveu cercada de seus filhos (dois que teve aqui e dois enteados, filhos de seu marido que era viúvo), noras, genros, netos, bisnetos e no último ano com seu tataraneto –além de dezenas de parentes da família do seu marido.
No Brasil, desenvolveu o gosto pelo futebol. Era fanática e sabia sobre times e jogadores daqui e de fora. Nos últimos anos de vida, ficava horas à frente da televisão acompanhando todos os campeonatos nacionais e internacionais. E palpitava sempre.
Dos quatro filhos e do marido, ela era a única da família que gostava e conhecia futebol. Morreu em 26 de maio, vítima da Covid-19, embora já tivesse tomado as duas doses da vacina.
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters