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Trindade (GO) veta ônibus e fecha igrejas e hotéis durante a Festa do Divino Pai Eterno

Objetivo é evitar circulação de pessoas e, consequentemente, da Covid-19 na cidade, que recebia ao menos 2,5 milhões de fiéis em 10 dias

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Ribeirão Preto

No lugar das missas para multidões, igrejas fechadas. A Rodovia dos Romeiros, antes lotada de fiéis, está vazia. Em Trindade (GO), até hotéis têm restrições e não poderão receber hóspedes que não sejam profissionais de saúde ou moradores.

Evento que antes da pandemia da Covid-19 era responsável por reunir entre 2,5 milhões e 3 milhões de pessoas em dez dias, a Festa do Divino Pai Eterno, celebrada a partir desta sexta-feira (25) na cidade goiana, não contará com as caravanas que habitualmente se dirigiam ao município, nem mesmo com as igrejas abertas. Elas terão atividades, mas apenas para celebrar a data virtualmente.

As festividades vão até 4 de julho, sempre com transmissões digitais das principais missas que seriam presenciais.

“Sabendo da gravidade da crise sanitária que estamos vivendo, estamos insistindo para que as pessoas fiquem em casa”, disse, em coletiva nesta quarta (23), o padre João Paulo Santos, reitor do Santuário Basílica do Divino Pai Eterno.

Foram montadas pela prefeitura seis barreiras sanitárias na cidade já a partir desta quinta (24), com o objetivo de reduzir a circulação de pessoas e, consequentemente, do coronavírus. Uma delas fica no Portal da Fé.

Prefeitura de Trindade (GO) instalou barreiras sanitárias na cidade durante as festividades do Divino Pai Eterno - Divulgação

Ônibus estão proibidos de entrar na cidade, e veículos ou mesmo fiéis a pé serão desestimulados a ficar no município. Barracas de rua e vendedores ambulantes estão proibidos de trabalhar. Após as 18h, até o dia 5 de julho, bares, restaurantes e lanchonetes só poderão atuar para retirada e delivery. Hotéis e pousadas não podem receber hóspedes para esse período de festa religiosa.

Tradicionais, o Santuário Basílica, a Igreja Matriz e a Igreja do Santíssimo Redentor estarão fechadas aos fiéis. Outras capelas, menores, funcionarão, mas sem a permissão para aglomerações, de acordo com a prefeitura.

“Não vamos proibir a entrada de pedestres, porém serão orientados quanto às permissões na cidade. Estamos fazendo um trabalho de conscientização para que as pessoas respeitem a vida neste momento tão difícil e realmente não venham a Trindade. Temos a parceria com governo do estado, PM, PRF [Polícia Rodoviária Federal], para que esses devotos que insistirem em vir sejam abordados, monitorados dentro da cidade”, disse o prefeito Marden Júnior (Patriota).

Segundo a prefeitura, a decisão de limitar o acesso tem como objetivo cuidar dos moradores de Trindade e, ao mesmo tempo, dos romeiros.

Só na quarta-feira, a cidade de 129 mil habitantes confirmou 163 casos positivos da Covid-19. Por meio da assessoria de comunicação, o secretário da Saúde, Rogério Taveira, disse que “seria um crime permitir aglomerações com pessoas vindas de diversas cidades e estados, com circulação de várias cepas de coronavírus pelas ruas de Trindade numa fase de enorme índice de contágio”.

A programação religiosa será transmitida por emissoras de rádio, TVs, pelo site da Prefeitura de Trindade e também por meio de redes sociais ligadas ao santuário.

Para os romeiros a pé que alegarem o cumprimento de promessas para visitar a cidade, a orientação está sendo a de que encerrem a caminhada no próprio portal e retornem para seus municípios de origem.

“A igreja de forma geral, não só aqui em Trindade, mas com orientação do papa Francisco, tem insistido para que essas promessas sejam adiadas neste tempo de pandemia”, disse o padre.

O escândalo envolvendo suposto desvio de recursos de fiéis da obra do novo Santuário Basílica do Divino Pai Eterno também causou impacto no turismo do município.

A cidade tinha como principal atração as missas do padre Robson de Oliveira Pereira, alvo da Operação Vendilhões, deflagrada pela Promotoria em agosto do ano passado.

O pároco foi afastado do cargo de reitor do santuário e da presidência da Afipe (Associação dos Filhos do Pai Eterno), da qual é fundador, e que também é investigada. O religioso negou ter praticado atividade criminosa e disse que todo o dinheiro recebido por associações católicas fundadas e presidida por ele foi usado para a evangelização.

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