Mortes: Rígida e perfeccionista, foi a fonte de caráter e honestidade
Maria Vanda Cidrim Casertani morreu aos 98 anos, de infecção urinária grave
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Dona Vanda tinha personalidade forte e marcante. Rígida nas convicções e teimosa, gostava de tudo correto.
Ela nasceu no Bom Retiro, na zona norte de São Paulo. Cursou até o ensino médio, no Colégio Oswaldo Cruz, e trabalhou como telegrafista nos Correios por 25 anos, até se aposentar.
Durante 98 anos de trajetória, passou por contratempos e realizou muitos sonhos.
Em 1944, casou-se com Renato Kaiser Casertani. Da relação cheia de amor nasceu a hoje dentista Maria Luiza Cidrim Casertani, atualmente com 66 anos.
“Enquanto o meu pai me mimava, a minha mãe dava limites. A formação do caráter e os duros aprendizados da vida vieram dela”, diz Maria Luiza.
A vida longa deu à Vanda o dissabor de presenciar a perda de muitos entes queridos, como irmãos, cunhados, sobrinhos e amigos.
Católica e bastante religiosa, ela deu aulas de catecismo na PUC (Pontifícia Universidade Católica), onde também integrou o coral, e no Colégio Morumbi, na zona sul de São Paulo.
Para a advogada Heloisa Gama Alves, 54, sua sobrinha, ficam as lembranças. “Com minha tia Vanda se vai uma geração inteira. As memórias afetivas permanecem, como a que tenho do ano de 2015. Ao chegar para uma reunião na rua Cardoso de Almeida, em Perdizes, vejo uma senhorinha de cabelos brancos e com bengalinha subindo a ladeira da rua. Era a minha tia, que estava indo ao banco. A questionei por ter saído de casa em um dia de garoa. Ela disse que isso que a mantinha viva e lúcida: ter forças para ir ao banco nem que fosse para tirar um extrato”, conta Heloisa.
Na época, Vanda estava com 92 anos e ainda conseguia se locomover pelas ruas de Perdizes, seu bairro de coração.
Assim como aconteceu com vários idosos, a pandemia de Covid-19 a trancou em casa e a tristeza foi inevitável.
Vanda gostava de passear pela cidade e viajar. Realizou o sonho de conhecer a cidade de sua mãe, Santarcangelo di Romagna, no norte da Itália, e foi a outros países da Europa.
Das frases que dizia, uma marcava: “Você tem que pensar na morte pelo menos uma vez por dia”. Como a morte é inevitável, Vanda achava necessário preparar-se para ela.
Maria Vanda Cidrim Casertani morreu dia 30 de setembro, aos 98 anos, em decorrência de uma infecção urinária grave. Viúva desde 1992, deixa a filha.
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters