Siga a folha

Descrição de chapéu jornalismo mídia

Estudo aponta maioria de jornalistas homens e brancos nas Redações do país

Negros aparecem mais em funções operacionais e faixas salariais mais baixas

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

Durante 45 dias, o Jornalistas&Cia entrevistou 1.952 jornalistas em atividade nas Redações espalhadas por todo o país para descobrir o Perfil Racial da Imprensa Brasileira. A maioria dos pesquisados (77,60%) declara-se branca, enquanto 20,10% apresentam-se como negros.

Entre os jornalistas brancos que responderam à pesquisa, 61,8% disseram ocupar cargos gerenciais. Entre os profissionais negros entrevistados, 39,8% ocupavam essas funções. Com relação aos cargos operacionais, a situação se inverteu: a maioria dos jornalistas negros disse ocupá-los (60,2%) em comparação aos 38,2% dos brancos nas mesmas posições.

Entre os jornalistas negros, 41,7% afirmaram estar na faixa salarial mais baixa, de até R$ 3.300, em comparação a 22,9% entre os brancos. Além de uma maior proporção de pessoas brancas em cargos gerenciais, o estudo identificou uma maior necessidade de um segundo emprego entre os jornalistas negros.

Imagens da Redação da Folha no fim da tarde do dia 20 de março de 2020; após a declaração da pandemia, grande parte dos funcionários do jornal passou a trabalhar de forma remota - Otávio Valle - 20.mar.20/Folhapress

Outro ponto que chama a atenção é o gênero: 63% dos jornalistas das Redações são homens e apenas 36,60%, mulheres. ​

No entanto, ainda não há dados sobre a diferença salarial entre gêneros. Maurício Bandeira, diretor do Instituto Corda – Rede de Projetos e Pesquisas e coordenador do estudo, afirma que estão em produção novas segmentações e cruzamentos para obter, por exemplo, resultados relacionados à diferença salarial entre homens e mulheres nas Redações.

Os resultados gerais mostram que as Redações são mais brancas e masculinas do que a população brasileira. Também apontam que o racismo está presente na vida profissional de praticamente todos os profissionais negros e que há dificuldade de ascensão na carreira.

A pesquisa foi feita em três etapas: na primeira, foram enviados questionários online para aproximadamente 61 mil jornalistas que trabalham em Redações e que constam na base de dados da empresa I'Max. Desse total, 750 profissionais, de todas as regiões do país, responderam às 13 perguntas propostas.

A segunda fase foi uma pesquisa nacional com amostra probabilística para medir com mais precisão a distribuição de jornalistas por cor/raça. "Foram entrevistados por telefone, de forma aleatória, mil jornalistas. Com esse levantamento, foi possível definir o peso racial e de gênero das Redações. O resultado confirmou a percepção que já tínhamos: maioria de brancos nas Redações", afirma um dos idealizadores do estudo, Eduardo Ribeiro, diretor do Jornalistas&Cia, uma newsletter semanal voltada para profissionais da comunicação.

Redação da Folha durante a apuração do primeiro turno das eleições municipais de 2020 - Gabriel Cabral - 15.nov.20/Folhapress

A terceira etapa complementar contou com entrevistas telefônicas com jornalistas negros que se dispuseram a responder. Ribeiro explica que 202 jornalistas negros, sendo 50% mulheres e 50% homens, aceitaram responder às questões relacionadas a preconceito e discriminação no ambiente de trabalho.

"A ideia era fazer um levantamento racial nas Redações para, com isso, medir o efetivo perfil racial e contribuir para que o jornalismo possa desenvolver políticas afirmativas de diversidade e de inclusão nas Redações, passando a ser mais equilibrado em seus quadros de colaboradores e no próprio noticiário", diz Ribeiro.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas