Mortes: Descobriu abelhas e fez da ciência uma arte
Fernando Amaral da Silveira era cientista e conhecia Minas Gerais como poucos
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O cientista Fernando Amaral da Silveira conhecia cada detalhe de Minas Gerais, com um olhar especial para a natureza, a história e as pessoas. Foi pesquisador até dentro de casa, pois estudava a genealogia das famílias de seus pais.
Mineiro de Belo Horizonte, era o único homem e o mais velho entre os cinco filhos de um engenheiro e uma dona de casa.
"Ele foi meu herói desde criança", diz Cláudia Amaral da Silveira, 56, uma de suas irmãs.
Familiares, amigos e alunos admiravam Fernando. "Ele era autêntico, honesto e ético. Não fazia nada que pudesse prejudicar os outros. Não falava mal de ninguém. Só investia energia no que acreditava. Evitava conflitos e sempre foi parceiro. Fernando tinha senso de justiça e a desigualdade o fazia sofrer", conta Cláudia.
O bom humor era uma característica marcante. "Quanto mais amadureceu, mais alto astral se tornou", diz a irmã.
"Ele era o homem mais feminista que eu conheci. Achava que homens e mulheres deveriam ter direitos e obrigações iguais."
Em 1985. Fernando se formou em engenharia agrônoma na Universidade Federal de Viçosa. Na mesma instituição, fez mestrado em entomologia (o estudo dos insetos). O doutorado, na mesma área, foi na Universidade do Kansas (EUA), em 1995.
No ano seguinte, tornou-se professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), na qual lecionou por 26 anos. Era docente do Departamento de Zoologia e do Programa de Pós-graduação em Zoologia.
Pesquisador de destaque, Fernando especializou-se na evolução, classificação e conservação de abelhas silvestres. Um dos responsáveis pelo Laboratório de Sistemática de Insetos, trabalhava com abelhas ameaçadas de extinção.
Foi ele quem descobriu, no trecho mineiro da Serra da Mantiqueira, uma nova espécie de abelha, a Actenosigyne mantiqueirensis.
Leitor voraz, Fernando também quis ser escritor. Em paralelo aos textos científicos, publicou quatro obras da literatura, todas pela Crivo Editorial: "Encruzilhadas" (2016), "Contos de outros mundos" (2017), "Espelho virtual" (2019) e "Cândida e outras vidas" (2022).
Fernando morreu dia 7 de agosto, aos 62 anos. Ele tratava um câncer e foi diagnosticado com síndrome de Fournier.
O cientista deixa a mulher, três filhos, o pai, quatro irmãs, seis sobrinhos e muitos amigos.
"Ele nos ensinou que o afeto é a melhor arma de defesa que nós temos", finaliza Cláudia.
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