Colecionar perfumes era uma das diversões do advogado Lucas dos Humildes Oliveira e Santos, que também gostava de cozinhar uma feijoada para a família, viajar e de encontrar os amigos.
Nos dias de folga, não abria mão de um churrasco regado a cerveja, com uma trilha sonora embalada pelos ritmos da sofrência e do pagode. Recentemente, alternava os fins de semana entre Salvador e Serrinha, onde mora a namorada Dalila, a 183 km da capital baiana.
Filho mais novo de Norma e Carlos, chegou a estudar contabilidade, mas desistiu devido à falta de afinidade com matemática —acabou cursando direito.
Na advocacia, dedicou boa parte da vida profissional ao serviço público em um órgão ambiental do governo da Bahia. Sentindo-se cansado da rotina frequente de viagens pelo interior do estado, decidiu trabalhar por conta própria.
"Chegou a dizer à nossa mãe que saberia que teria que estudar pela vida inteira. Acredito que também tenha se espelhado um pouco em nossos tios", conta a irmã, Juliana dos Humildes, que mora em Portugal e esteve com ele pela última vez em janeiro, durante visita ao Brasil.
"Ele nos esperou, mudou programações de fim de ano. Nos recebeu, se fez presente, como sempre, pros meus meninos. Preparou uma feijoada rica, cheirosa, saborosa e farta. Organizou churrasco e, por último, nos levou ao aeroporto para embarcarmos", afirmou.
No início de julho, enquanto estava em casa com a mãe, chegou a reclamar de um desconforto no corpo, principalmente, dores nas pernas. No dia 7 daquele mês, sofreu um infarto pouco depois de acordar e morreu —na mesma data que a morte de seu pai, também por problemas cardíacos, completava dez anos.
"Acordou cedo, me pediu para preparar uma vitamina de banana, bebeu, depois, deu olhada na rua pela varanda", lembrou a mãe. "Ao entrar no banheiro, voltou imediatamente, mas desfaleceu ali mesmo. Apesar do histórico da família paterna, não esperávamos", lamentou.
Nascido em Salvador no dia 25 de março de 1982, Lucas morreu aos 40 anos. Deixou a mãe, Norma, a irmã, Juliana, os sobrinhos Júlia e Felipe, os tios Jair, Barata, Renato, Zé, Lúcia, Neta, Antônio João, Antenor, Chico e mais de uma dezena de primos.
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