Mortes: Médico à moda antiga, tratou gerações de famílias
Paulo Altenfelder era dedicado aos pacientes e ao ensino
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A vida de Paulo Altenfelder tinha medicina em todo canto. Durante o descanso na fazenda da família no Vale do Paraíba, o médico transformava uma sala em consultório e atendia os moradores da região.
O cuidado com pacientes era o estilo de vida do doutor Paulo, que o filho Fernando Altenfelder Silva, 64, define como médico à moda antiga. "Sempre foi clínico geral. Foi médico de família, atendia gerações de uma mesma casa, depois se especializou em cirurgia geral".
Segundo Fernando, o pai também gostava de ensinar por meio dos programas de residência. Ele conta que um médico orientado por Paulo dizia que o caráter generalista era raridade.
"Ele falava 'hoje todo mundo precisa escolher uma área, ou os colegas acham ruim, mas seu pai está fora disso, todo mundo sabe que é o jeito dele'."
A dedicação de Paulo, que cumpriu a promessa de trabalhar enquanto pudesse, era antiga na família. O pai, José de Moraes Altenfelder Silva, também foi clínico geral, sempre à disposição para atender quem precisasse.
Nascido em 1930, Paulo viveu em Guaratinguetá (a 187 km da cidade de São Paulo) até os 15 anos, quando se mudou para São Paulo para terminar a escola.
Na capital, aproximou-se de uma prima, Maria Regina Altenfelder Silva, quando estudava medicina na USP. Pela condição de parentesco, a família precisou aprovar a união. Casados, estabeleceram-se na capital paulista, e Paulo começou a trabalhar no consultório do pai.
Fernando é um de seis filhos do casal. Ele diz que o pai, sabendo da dificuldade de Maria Regina, 86, para cuidar de todos, levava um ou dois durante atendimentos. "Acontecia muito nos fins de semana, era uma forma de ajudar minha mãe".
Mais tarde, Paulo celebrou quando a esposa se formou em psicologia, ainda que não fosse familiar com a área. "Minha mãe diz que ele tinha dificuldade, que a mente dele era muito racional para aceitar, mas admirava ela ir trabalhar e tocar a vida dela."
Paulo Altenfelder teve Covid-19 no ano passado e reclamava que a doença roubava dele anos preciosos. A partir daí, apresentou complicações no sistema circulatório e um acidente vascular cerebral no mês passado. Morreu em 14 de fevereiro, aos 92 anos. Deixou a mulher, seis filhos, 12 netos e cinco bisnetos.
A dedicação continua na família. Fernando diz que, além de um irmão e de uma sobrinha na medicina, sua filha Paula, 35, é médica.
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