Mortes: Professora, fez da matemática um gesto de amor
Elisa Fonseca Sena e Silva lecionou por 12 anos na Universidade Federal de Alagoas
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A professora Elisa Fonseca Sena e Silva trilhou seu caminho acadêmico à sua maneira. Não aspirou ser uma docente ortodoxa. Em suas aulas, brincava, dançava, cantava e até chorava. Não poupava emoções. Ela era efetiva do departamento de matemática da UFAL (Universidade Federal de Alagoas) desde 2011, quando tinha apenas 24 anos. Dava aulas nos cursos de licenciatura.
Desde os tempos de graduanda na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), onde esteve até 2010, a mulher se mostrava mentora. Fazia questão de auxiliar seus colegas, próximos ou não, e garantir que teriam sucesso nas avaliações, mesmo em detrimento do próprio desempenho.
Ao chegar a Alagoas, acumulou ferrenhos amigos e admiradores com a mesma empatia. A professora defendia maior inserção de mulheres na matemática. Sua militância engajou muitas de suas colegas. "Ela foi uma pessoa daquelas que fazem bem sem nem perceber. Transmitia calma e amor pela vida", diz Viviane Oliveira, docente da UFAL e amiga de Elisa.
O pró-reitor de graduação da universidade alagoana, Amauri Barros, conheceu Elisa no dia de sua aprovação para docência. Logo, ela o encantou pela gana. "Vi uma pessoa maravilhosa, um ser humano e uma profissional diferenciada. Professora sintonizada com o ensino da matemática de qualidade."
Um dia ao lado da profissional era transformador. Elisa gostava de conhecer as histórias de seus alunos. Perguntava sobre família, saúde e perspectivas. Apaziguava angústias e incentivava sonhos. Era expansiva, mas uma ótima confidente. Jocosamente, contava aos próximos guardar mais segredos e melhor que um padre.
Foi uma mulher do povo. Soberba não lhe cabia. Frequentava festas universitárias e confraternizações de seus pupilos em bares. Sempre foi a alegria dos eventos. Por isso, foi assustadoramente fácil perceber sua derrocada. Tomada por um câncer, escondeu o quanto pôde. O corpo, no entanto, demonstrava sinais da batalha. Energia e aparência já não eram as mesmas.
Elisa Fonseca Sena e Silva estava em paz nesta segunda-feira (26). Após meses, terapia não surtia mais efeito. Havia conversado com seus familiares, todos de Minas Gerais, sobre sua condição. A voz era baixa. Respirava cada vez mais lentamente. Estava sonolenta. Morreu no mesmo dia. Ela deixou os pais.
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