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3 em cada 10 crianças e adolescentes nas ruas de SP não têm casa

Números fazem parte do censo da população de rua realizado pela prefeitura

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São Paulo

De cada dez crianças e adolescentes que vivem nas ruas de São Paulo, três não têm uma casa para voltar durante a noite, apontou levantamento da prefeitura. Nesses casos, barracas ou malocas servem de abrigo a menores com idades entre 7 e 17 anos.

O dado evidencia o aumento das famílias em situação de rua retratado pelo censo da população de rua divulgado no ano passado pela administração municipal.

Vão livre do Masp, na avenida Paulista, está entre os pontos de permanência mais citados por crianças e adolescentes em situação de rua em censo da prefeitura - Danilo Verpa - 6.jun.19 -/Folhapress

Atualmente, cerca de 4.000 menores de 18 anos vivem nas ruas, segundo o levantamento divulgado em julho do ano passado; o número é 91,2% maior do que o calculado em 2007, quando foram identificadas 1.966 crianças e adolescentes sem-teto. A avaliação qualitativa das informações foi apresentada nesta segunda-feira (3) pela administração municipal.

A maioria das crianças e adolescentes vistos pelas ruas da capital mora em bairros da zona leste (44,3%), segundo o levantamento.

O principal motivo para estar nas ruas é obter renda para sustentar a família; 90% dos entrevistados entre 7 e 17 anos deram essa resposta aos técnicos que percorreram pontos de concentração de menores de 18 anosentre agosto e setembro do ano passado. O segundo motivo mais frequente é "para ter liberdade" (8%), seguido por "desemprego de familiar que sustentava a casa" (7%), "não ter onde ficar" (2%), "brigas com pais e irmãos" (1%) e "vício em álcool e drogas" (1%).

Os que afirmaram dormir nas ruas também citaram a necessidade de ter uma renda (64%) como razão primordial para a situação e, em segundo lugar, não ter onde ficar (19%). Diferente do grupo com residência fixa, porém, os entrevistados que dormem ao relento apontaram com mais frequência os motivos: "para ter liberdade" (16%) e "consumo de álcool e drogas" (13%) para ficar nas ruas.

Metade desse grupo afirmou ter iniciado a vida nas ruas aos 7 anos. Ao menos 50,1% afirmaram estar acompanhado do pai ou da mãe quando passou a ser sem-teto, e outros 21,9% estavam com amigos.

A venda de produtos foi citada como a principal atividade nas ruas pelos grupos de 0 a 6 anos (75%) e de 7 a 17 anos (63%). No caso de menores de 7 anos, as respostas foram fornecidas por adultos acompanhantes no momento da abordagem.

Das 115 crianças e adolescentes entre 7 e 17 anos abordadas na região central, 39,1% vieram da zona leste, 33,9% do centro, 12,1% da zona sul e o restante das zonas norte (9,5%) e oeste (5,2%)

Pedir esmolas é a segunda atividade mais frequente (70%) entre as crianças menores, de 0 a 6 anos, e também entre as de 7 a 17 anos, porém em menor percentual (57%), segundo o levantamento. A venda de drogas (6%) e a prática de furtos e roubos (10%) também foram citados pelos entrevistados do segundo grupo.

Essa realidade foi apontada pelos técnicos que elaboraram o censo com alto risco associado das crianças e adolescentes serem expostas à exploração de trabalho infantil e a episódios de violência. De acordo com o levantamento, na faixa etária de 7 a 17 anos, é mais comum o menor estar na rua acompanhado de outro familiar –69,9% afirmou ter um familiar na mesma situação.

Pontos conhecidos da cidade e com grande circulação de pessoas, como o Masp (Museu de Arte de São Paulo), na avenida Paulista, e a praça da Sé, foram apontados como os locais de permanência de crianças e adolescentes com mais de 7 anos; 64% afirmaram ficar no mesmo lugar todos os dias.

Os entrevistados desta idade também são os que afirmaram ter maior vínculo com parentes com quem mantêm contato diariamente (45,6%) ou algumas vezes por semana (19,3%). Apenas 18,8% dos entrevistados afirmaram não ter nenhum contato com familiares.

A faixa etária que está há mais tempo na rua, em média, são os adolescentes entre 12 e 17 anos; 49% afirmaram viver nessa condição há 3 anos. Entre 7 e 11 anos, a maioria (55%) afirmou estar nas ruas há dois anos. Adultos que acompanhavam crianças menores (0 a 6 anos) no momento da entrevista disseram que a realidade se perdurava há ao menos um ano.

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