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Ex-PM diz que Lessa teve 'aumento muito grande' no patrimônio após assassinato de Marielle

Em delação premiada, Élcio Queiroz afirma não acreditar na versão de que não houve pagamento pelo crime

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Brasília

O ex-policial militar Élcio Queiroz afirmou em depoimento no seu acordo de delação premiada que o também ex-PM Ronnie Lessa, apontado por ele como o executor do assassinato da vereadora Marielle Franco, teve um "aumento muito grande" em seu patrimônio após o crime.

De acordo com Queiroz, Lessa sempre afirmou a ele não ter recebido nenhum dinheiro para assassinar a vereadora, morta a tiros juntamente com o motorista Anderson Gomes no dia 14 de março de 2018.

PM reformado Ronnie Lessa e o ex-policial Élcio Queiroz, acusados de participar do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes em 2018 - Reprodução

"Depois do fato, vi um acréscimo muito grande, como se diz, no patrimônio [de Lessa]", afirmou Élcio Queiroz no depoimento, listando ter testemunhado a compra de uma Dodge Ram blindada, de uma lancha nova, além de viagens e planos para construção e reforma de uma casa de praia e da casa na capital do Rio de Janeiro.

"É muita coisa junto, se juntar não tem como comprovar [a versão de Lessa], porque a matemática é exata", acrescenta Élcio.

"Ele fala sempre que, se soubesse que ia dar merda, desculpe o termo, que ele não teria me chamado, que ele não teria feito, que jurava que não levou um centavo nisso dali. Isso aí ele jurou de pé junto o tempo todo."

Delator diz que Ronnie Lessa atirou em Marielle

Em delação premiada, cuja existência foi anunciada nesta segunda (24) pelo ministro Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública), Élcio confessa ter dirigido o Chevrolet Cobalt prata no dia do assassinato de Marielle e afirma que Lessa, no banco de trás, efetuou os tiros que mataram a vereadora e seu motorista.

Ele diz que apenas os dois estava no carro, mas que o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa atuou na preparação do crime e na proteção dos envolvidos.

Maxwell, conhecido como Suel, foi preso nesta segunda em uma nova operação da Polícia Federal e do Ministério Público do Rio de Janeiro. Também foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão na capital e na região metropolitana.

Ainda em seu depoimento, Élcio Queiroz foi questionado pelos investigadores se conhecia uma pessoa com a alcunha "Gato do Mato" e se teria ouvido de Lessa que essa pessoa teria ficado com a arma do crime, uma submetralhadora MP5.

Queiroz respondeu que conhece "Gato do Mato", cujo nome seria João Paulo, mas que não sabe dizer se ele ficou com a arma, pois as conversas de Lessa e "Gato do Mato" ficavam somente entre os dois.

Élcio disse ainda ter ouvido de Lessa que a arma havia sido destruída e jogada ao mar, mas que ele não acreditava nessa versão.

"Eu falei, 'o que você fez com essa arma?' Ele [Lessa] falou: 'Eu serrei ela todinha. Eu não acredito, mas ele falou que serrou ela todinha, pegou a embarcação lá na Barra da Tijuca, foi numa parte mais funda que tem lá [...] e jogou ali".

As investigações sobre o assassinato da vereadora e de seu motorista completaram cinco anos em março sem que seus executores tenham sido julgados sequer em primeira instância e sem que haja uma conclusão sobre a existência ou não de um mandante do crime.

Lessa só foi expulso da PM neste ano em razão da condenação por comércio ilegal de armas na Justiça Federal.

O crime foi identificado durante o cumprimento de mandado de prisão pelo homicídio de Marielle. A polícia encontrou na casa de um amigo do ex-PM caixas com 117 peças para montagem de fuzis.

Élcio Queiroz permanece preso. A demora no julgamento se deve aos sucessivos recursos apresentados pela defesa para tentar impedir o júri popular.

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