Descrição de chapéu Rio de Janeiro

Acusado de matar Marielle Franco, Ronnie Lessa é expulso da PM

Decisão foi motivada por condenação por comércio ilegal de armas; 'execrável conduta', diz a corporação

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Rio de Janeiro

Réu pelo homicídio da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, Ronnie Lessa foi expulso da Polícia Militar do Rio de Janeiro. A decisão foi publicada nesta quinta (9) em boletim interno da corporação. Marielle foi morta a tiros em março de 2018, no centro do Rio.

A expulsão de Lessa, que era sargento reformado da PM, contudo, ocorreu devido à sua condenação a 13 anos e 6 meses de prisão por comércio ilegal de armas, em julgamento ocorrido em setembro de 2022.

As peças de montagens de armas foram encontradas logo após Lessa ser preso pela morte da vereadora, cerca de um ano após o crime. Elas estavam na casa de um amigo de infância, no Méier, zona norte do Rio, dentro de diversas caixas. Segundo a perícia, as peças poderiam, posteriormente, dar origem a 117 armas.

PM reformado Ronnie Lessa
Ronnie Lessa foi expulso da Polícia Militar do Rio de Janeiro - Reprodução

No julgamento, Lessa afirmou que as peças seriam usadas na montagem de armas de airsoft. O argumento, no entanto, não foi aceito pela juíza Alessandra Bilac, da 40ª Vara Criminal do Rio de Janeiro.

A magistrada apontou que havia itens exclusivos para armas de fogo, como ferrolhos. Ela também ressaltou que peritos atestaram a possibilidade de montagem de armas reais. "Isso porque, financeiramente, não compensaria comprar peças de qualidade e resistência suficientes para efetuar disparos com munição verdadeira para montar fuzis de airsoft", destacou a juíza.

Lessa foi reformado em 2011, dois anos após sofrer um atentado a bomba em seu carro, quando saía do serviço no 9º BPM (Rocha Miranda), zona norte do Rio. Na ocasião, ele teve uma perna amputada. A corporação entendue que ele sofrera um ataque de criminosos por ser PM e o aposentou. Desde então ele recebia R$ 8.000 mensais. Ele poderá recorrer da suspensão do pagamento.

Seis meses após o atentado de Lessa, o contraventor Rogério Andrade também sofreu um atentado a bomba, e o filho dele de 17 anos morreu na explosão. A Polícia Civil concluiu que o fornecedor dos explosivos fora o mesmo nos dois casos, o que revelava uma ligação com a contravenção. Quando ainda era PM, Lessa também atuava como segurança de Andrade.

Na decisão que determinou a expulsão, à qual a Folha teve acesso, o Conselho de Disciplina afirmou que "com a sua execrável conduta, descumpriu preceitos éticos e estatutários em vigor (...) Outrossim, dilacerou profundamente o enunciado administrativo nº 13, que discorre sobre envolvimento de policiais militares com porte ou posse ilegal de arma de fogo não regulamentar".

Acusado de ter efetuado os disparados que mataram a vereadora Marielle Franco, Lessa está detido em presídio federal em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Também está preso o ex-PM Élcio Queiroz, apontado como motorista do veículo utilizado no crime.

Outras condenações

Desde que foi preso, em 12 de março de 2019, Lessa ainda foi condenado por outros crimes.

Em agosto de 2022, ele foi condenado a cinco anos de prisão e multa de R$ 454 mil por tentativa de tráfico internacional de armas de fogo. O caso faz referência a uma operação de 2017, quando a Receita Federal apreendeu 16 quebra-chamas para fuzis, provenientes de Hong Kong. Os equipamentos possibilitam a ocultação das chamas de disparos de arma de fogo.

Lessa, a esposa dele, um cunhado e dois amigos foram condenados também a quatro anos de prisão por destruição de provas. De acordo com a Promotoria, o grupo se articulou para descartar armas de fogo no mar da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. Há suspeita de que a arma usada para matar Marielle e Anderson estava entre as descartadas.

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