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Descrição de chapéu Obituário Núbia Virginia D'Avila Limeira de Araujo (1966 - 2023)

Mortes: Enfermeira à frente da vacinação contra a Covid-19 em SP

Núbia Virginia D'Avila Limeira de Araujo comandou a Divisão de Imunização do Centro de Vigilância Epidemiológica em plena pandemia

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São Paulo

Com seu jaleco branco, a enfermeira Núbia Virginia D'Avila Limeira de Araujo poderia ser mais uma entre a multidão no auditório do Hospital das Clínicas, naquele domingo, 17 de janeiro de 2021, para acompanhar a colega Monica Calazans, que se tornou a primeira pessoa a ser vacinada contra a Covid-19 no Brasil.

Núbia, na sua discrição característica, entretanto, carregava uma parte importante da concretização daquele ato —ela foi uma das coordenadoras do programa de imunização que já aplicou quase 140 milhões de doses de vacina contra o coronavírus no estado.

Núbia Virginia D'Avila Limeira de Araujo (1966 - 2023) - Arquivo pessoal

A enfermeira, que não permitia ser chamada de doutora, estava à frente da Divisão de Imunização do Centro de Vigilância Epidemiológica desde outubro de 2019. Ou seja, viu de perto a pandemia provocar pânico nas pessoas à espera de uma resposta da saúde pública.

"Mesmo depois de um dia exaustivo de trabalho e diante de tudo aquilo, ela sorria quando olhava a família ao chegar em casa", diz o marido Wilson Contantino de Araujo Filho, 63, sociólogo.

Nascida em Nilópolis, no Rio de Janeiro, Núbia se formou em enfermagem e obstetrícia pela Universidade Federal Fluminense. Mudou-se para São Paulo no fim da década de 1980 para fazer pós-graduação na Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo), onde cursou doutorado, com administração de vacinas como tema.

Também professora assistente na Escola de Enfermagem da USP, foi servidora na Secretaria Estadual da Saúde paulista por 30 anos, depois de trabalhar em um posto de saúde em Cotia, na região metropolitana.

O Coren-SP (Conselho Regional de Enfermagem) frisou eu seu site que Núbia esteve à frente do maior plano de imunização da história recente no estado. "Se dedicou muito na pandemia", reforça o marido.

Era, segundo ele, obcecada pelo trabalho. Dizia que, quando se aposentasse, iria dar um jeito de continuar no Centro de Vigilância Epidemiológica.

Caçula de quatro irmãos e filha de pastor evangélico, foi em uma igreja Batista que conheceu o futuro marido. Ultimamente, andava orgulhosa pelo fato de a filha Isabela ter voltado de Bauru, no interior paulista, onde se formou em relações públicas, e por ela já estar no mercado de trabalho. Assim como Gustavo, o seu caçula.

Núbia gostava de margaridas. Também de reunir os parentes. Tanto que nas últimas férias levou a sobrinhada para a casa da família na praia de Boiçucanga, em São Sebastião, litoral norte de São Paulo.

Apesar de reclamar de cansaço nos últimos dias, que não lhe era comum, insistiu em trabalhar. No dia 3, se rendeu à insistência de marido e filhos e foi ao médico. Passou, como paciente comum, por um pronto-atendimento na Lapa, zona oeste, e de lá acabou transferida ao Hospital do Servidor Público Estadual, onde teve de ser intubada.

Morreu no dia 4 de agosto, aos 57 anos, por causa de infecção pulmonar. Deixou o marido Wilson e os filhos Isabela, 22, e Gustavo, 19.

Em seu velório, havia mais de 40 coroas de flores de governos e instituições ligadas à saúde, muitas delas enviadas por pessoas vacinadas pelo enorme programa de imunização que ela ajudou a construir.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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