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Revisão do zoneamento de SP não mostra onde haverá maior verticalização

OUTRO LADO: Prefeitura diz que mapa será definido após debate público

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São Paulo

A nova proposta da Prefeitura de São Paulo para a revisão da Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, disponibilizada nesta quinta-feira (3) para consulta pública, inclui proteções contra a ampliação de prédios em áreas onde a possibilidade de verticalização gerou reações de moradores durante a discussão da reforma do Plano Diretor.

Diferente do que se esperava, porém, o texto da gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) não aponta de forma direta como se dará a construção de prédios maiores do que os atuais nos arredores de corredores de ônibus e estações de trens e metrô, cujos perímetros foram ampliados pelo plano.

No conjunto de normativas que norteia a ocupação da cidade, o Plano Diretor define as regras gerais. Já a lei de zoneamento é a que, em tese, se dedica a definir as características de cada bairro ou quarteirão.

Residências cercadas por prédios no Tatuapé, na zona leste de São Paulo - Adriano Vizoni - 21.jul.2023/Folhapress

Em casos onde todas as regras do Plano Diretor que ampliam potencial construtivo forem aplicadas, serão permitidos prédios com até cerca de 12 vezes a área do terreno, sem limite de altura. Isso vale para quadras tocadas pelo raio de 700 metros das estações de metrô e trem ou nas faixas de 400 metros no entorno dos corredores de ônibus.

É grave, portanto, a ausência de definições objetivas sobre o que será alterado no zoneamento da cidade, segundo Bianca Tavolari, professora e pesquisadora do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento).

Em outras palavras, falta um mapa ilustrando, quadra a quadra, o que poderá ou não ser edificado na cidade nos próximos anos.

"O que se esperava é que a prefeitura fizesse estudos e propusesse quais quadras iam entrar e quais não", diz Tavolari. "Estão tratando o zoneamento como se fosse mais uma instância intermediária. A pergunta que fica é: em qual arena institucional vão decidir isso?", questiona.

A Prefeitura de São Paulo afirmou, em nota, que o processo participativo vai estabelecer critérios, diretrizes e procedimentos para elaboração dos mapas.

Lucas Chiconi, diretor de atuação regional do IAB-SP (Instituto de Arquitetos do Brasil), também critica a ausência do novo mapa do zoneamento. Ele aponta como avanço da proposta da prefeitura, porém, indicações de que devem ser preservadas características das vizinhanças com importância histórica, cultural e ambiental, mesmo em áreas não tombadas por órgãos de proteção ao patrimônio.

Mecanismo legal incluído no texto do zoneamento que, segundo o urbanista, é necessário para a democratização da "disputa pelos espaços na cidade", num contexto em que proteções legais à qualidade de vida e à memória coletiva estão concentradas em bairros ricos.

"Deram bastante ênfase para o fato de que há espaços na cidade que possuem importância urbanística e ambiental que devem ser preservados", diz Chiconi.

A minuta que está em consulta pública diz que zonas exclusivamente residências, como são os Jardins e parte de Pinheiros, não terão essa característica alterada, diz a proposta do município.

Outro exemplo é o entorno do Mirante de Santana, onde funciona a mais importante estação meteorológica da cidade. O local passa a ter, também nessa versão da lei, um impedimento para a construção de prédios que possam interferir nas medições e avaliações climáticas.

Relator da revisão do Plano Diretor na Câmara, o vereador Rodrigo Goulart (PSD) disse à Folha nesta sexta que o texto da prefeitura respeita restrições que já tinham sido criadas pela versão final do texto que ele relatou.

Goulart afirma, no entanto, que o debate deverá ser intenso na Câmara e haverá muita mudança no projeto enviado pela prefeitura.

Um dos pontos que possivelmente será incluído são alterações em corredores comerciais que ficam nas bordas de zonas residências.

A ideia que deverá ser considerada, ao menos por parte dos vereadores, é permitir estabelecimentos com maior capacidade de receber público, regulando até mesmo atividades que já possuem tais características em funcionamento nesses bairros.

Há ainda a possibilidade de que a Câmara discuta a altura dos prédios nessas zonas de corredores, o que poderia também permitir maior adensamento construtivo.

A prefeitura realiza a consulta pública até 25 de agosto, pela internet. Interessados em colaborar podem acessar a plataforma Participe+.

Isso atrasa em alguns dias o início da revisão no Legislativo em relação à expectativa relatada pelo presidente da Comissão de Política Urbana, Rubinho Nunes (União), que esperava receber o projeto no próximo dia 15.

O prazo curto para a discussão pública antes do envio do projeto à Câmara também é alvo de críticas.

Membro da Comissão de Política Urbana, a vereadora Silvia Ferraro (PSOL) afirma que a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) dá espaço privilegiado ao mercado imobiliário na discussão da cidade.

"A população não tem acesso à participação efetiva da formulação desse projeto", diz a vereadora.

A gestão do prefeito Ricardo Nunes afirmou que "a revisão parcial da Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo observa o prazo estabelecido pelo artigo 332 do próprio Plano Diretor Estratégico, em consonância com o entendimento manifestado no Acórdão do TJ-SP , que reconhece que não há prazos e quantidade de eventos fixados na legislação municipal. O município, desta forma, busca garantir a regularidade do processo democrático para que haja o máximo de participação popular possível".

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