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76% das escolas estaduais já retomaram as aulas no Rio Grande do Sul

Ainda há 548 colégios fechados no estado; na rede municipal, unidades priorizam atividades lúdicas

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São Paulo e Porto Alegre

Após a suspensão das aulas em todas as escolas da rede estadual de ensino no dia 1º de maio, em razão das enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul, as aulas são retomadas parcialmente no estado. De acordo com o a gestão Eduardo Leite (PSDB), 76,5% (1.792) das 2.340 escolas da rede gaúcha voltaram a receber estudantes nesta segunda (20).

Dos 741.831 alunos da rede pública do estado, 523.889 (70%) já retornaram às salas de aula. As informações estão em boletim divulgado pelo governo do estado às 18h desta segunda (20).

Ainda há 548 escolas fechadas, sendo que 441 delas não têm previsão de quando poderão retomar as atividades.

Eldorado do Sul, que fica há 12 km da capital gaúcha, é uma das cidades mais afetadas pela cheia do lago Guaíba, com 80% da população atingida - Bruno Santos - 17.mai.2024/Folhapress

As atividades também foram retomadas na rede de ensino municipal de Porto Alegre.

Localizadas em áreas que não foram atingidas por alagamentos, 22 escolas de ensino infantil e fundamental voltaram a funcionar —o retorno será escalonado, e mais 16 escolas reabrem nesta terça (21).

Com equipes reduzidas e horários flexíveis, a prioridade nas unidades é o acolhimento dos alunos e a prática de atividades lúdicas em meio à catástrofe climática.

A EMEI Santo Expedito, no bairro Rubem Berta, normalmente funciona em turno integral, mas retornou com operação das 7h às 14h.

"Este é um momento de muita escuta nossa, de ouvir o que as crianças têm a trazer, mas também de proporcionar momentos lúdicos, de muitas brincadeiras, músicas, histórias, que a gente possa também tirá-los um pouco deste assunto [tragédia]", diz a diretora da escola, Lia Fadini.

Dos 154 alunos, 3 foram afetados diretamente pelas cheias. Entretanto, quase um terço da equipe de professores ainda não teve como retornar ao trabalho, o que exige rearranjos temporários.

"Nós já tivemos uma experiência que não foi boa na época da pandemia, que as crianças ficaram muito tempo afastadas da escola, e tudo que foi perdido no desenvolvimento deles naquele período", afirma. "Estávamos ansiosos para esse retorno, com a possibilidade de as crianças voltarem para a escola, para a rotina com que já estão acostumadas", acrescenta a diretora.

No início do turno da tarde, os alunos de 5 a 9 anos chegavam e corriam para abraçar colegas, professores e funcionários da escola. Antes do início das aulas, ainda cantaram parabéns para uma funcionária da limpeza que fazia aniversário. E uma das turmas já iniciou as atividades com bambolês, bolas e cordas para pular.

Mesmo fechada para aulas desde o feriado de 1º de maio, a escola seguia aberta para as famílias, servindo almoço para alunos e responsáveis que foram afetados por falta de luz ou de água na comunidade. Em um dia, chegaram a servir 97 refeições.

Lia afirma que muitos pais também passaram a participar dos almoços para proporcionar algum convívio social aos filhos durante a suspensão das aulas. "Os pais começaram a trazer as crianças para que elas pudessem se ver novamente, brincar", diz. "A escola proporcionar essa refeição auxiliou bastante, mas eu via que era muito mais importante para eles estarem se encontrando aqui."

Na EMEF João Carlos D`Ávila Paixão Côrtes, na Vila Ipiranga, o funcionamento foi retomado nos dois turnos para os alunos da escola, a primeira a ter ensino bilíngue na rede municipal. A direção ainda trabalha com a busca ativa dos estudantes possivelmente atingidos e já pensa em formas para abordar a calamidade dentro da proposta pedagógica.

"Aos poucos a gente vai vendo como trabalha, mas, sinceramente, a questão da natureza e do clima vai surgir muito", diz a diretora Luciene Alves de Lima Brandão. "É um retorno gradativo, mais de acolhimento mesmo, sentindo o que que essas crianças trazem para nós, o que que elas trazem de ansiedade e de vivência delas."

De acordo com a supervisora escolar Mirna Ossanes Rodrigues, como o bairro não foi atingido pelas cheias, a comunidade escolar buscou prestar apoio a quem sofreu com a tragédia.

"Vários pais trabalhando em abrigos, vários pais trabalhando com as marmitas. Se alguma família dizia que algo estava faltando, [as outras] corriam para fornecer", diz Mirna. "Nós tivemos algumas famílias que estavam sem água, aí vieram aqui na escola porque ainda tínhamos água na caixa."

Mãe de Davi, 8, aluno do terceiro ano do fundamental, a higienizadora de estofados Josiane Hleboski, 38, conta que tentou limitar o tempo de televisão para que as enchentes não fossem o único assunto em casa, mas não foi possível fugir do tema.

"Contamos a situação para eles dizendo ‘olha, isso está acontecendo, nós precisamos ver o que não serve em vocês para passar para outras pessoas’, mas tentamos não deixá-los tão expostos", diz Josiane.

Ela também tem atuado como voluntária na confecção de roupas de frio para crianças pequenas. "A gente mostrou a eles que existem outras crianças que estão precisando [de doações] e que neste momento eles podem ajudar", diz.

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