Siga a folha

Ferros-velhos exploram trabalho infantil e receptam material furtado, afirma investigação

Instalações estão entre os alvos da megaoperação deflagrada nesta terça (6) no centro de SP

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

Megaoperação deflagrada na manhã desta terça-feira (6) no centro de São Paulo para desmantelar atividades criminosas sob o controle territorial do PCC (Primeiro Comando da Capital) tem entre seus alvos uma série de ferros-velhos e galpões de reciclagem irregulares.

Além das condições insalubres e da presença de trabalho infantil, esses locais receberiam produtos de furtos e roubos, além de explorarem pessoas em situação de vulnerabilidade. Algumas das pessoas que vendem materiais para esses locais são pagas com cachaça.

Operação na favela do Moinho como parte da ação que visa desmantelar atividades ilegais no centro de SP, como ferros-velhos - Folhapress

A investigação indica que alguns desses ferros-velhos irregulares vendem materiais para empresas regulares do ramo da reciclagem.

"Tem garotinho trabalhando em ferro-velho nos mesmos materiais que, lá na frente, vão ganhar um selo verde. Muitas empresas não controlam a cadeia daquilo que compram. E, na reciclagem, tem trabalho degradante. Queremos mexer com isso também", diz o promotor Lincoln Gakiya, do Gaeco, grupo do Ministério Público que liderou as investigações.

Relatórios financeiros produzidos a partir de dados dos proprietários de diversos ferros-velhos e estabelecimentos ligados à reciclagem detectaram, em um dos casos, movimentações de mais de R$ 5 milhões em seis meses, com saques em espécie que somam mais de R$ 1 milhão, o que sugere um esquema de lavagem de dinheiro.

"Esse comércio irregular emprega trabalho infantil e análogo à escravidão e faz receptação de material furtado. Será que ninguém está vendo isso? Cabe à prefeitura explicar. O que temos de fazer é dar um basta. E que venha uma empresa legalizada deste setor", afirma o promotor.

Para Gakiya, após a megaoperação, cabe ao Estado, nas figuras do governo e do município, reocupar o território e torná-lo um bem público. "O tráfico não vai acabar nem os dependentes químicos vão desaparecer, e crimes vão continuar acontecendo, mas esse estado de coisas ilegal e a violação sistêmica de direitos de todos, inclusive dos dependentes químicos, deve acabar."

Entenda a operação

Liderada pelo Gaeco (Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), a operação desta terça teve a participação das polícias Militar, Civil Federal e Rodoviária Federal, além do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Ministério Público do Trabalho, Receita Federal e estadual, Anatel (Agência Nacional de Telefonia) e Secretaria de Assistência Social do governo.

A ideia, segundo os promotores, é instituir um novo modelo de intervenção capaz de abarcar a complexidade do território, que tem como questão mais visível o consumo de drogas em cenas abertas de uso. O abuso de entorpecentes, no entanto, acontece em meio a crimes de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, abuso de menores, receptação de roubos e furtos, e também condições de trabalho análogas à escravidão.

Com a atuação multidisciplinar, o Gaeco pretende desestruturar esse ecossistema de atividades ilícitas e, assim, romper com o monopólio do PCC nesta região do centro de São Paulo.

A operação inclui 85 mandados de busca e apreensão, 48 medidas de confisco e bloqueio de bens, 45 medidas de suspensão de atividades econômicas e de interdição por lacração de estabelecimentos e sete prisões de pessoas apontadas como lideranças ou peças-chave da atuação desses grupos criminosos.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas