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Descrição de chapéu pessoa com deficiência

Mãe cadeirante assiste a apresentação da filha em corredor de escola em Praia Grande (SP)

Cadeira de rodas não passou na porta da sala de aula, e situação se repetiu em outras duas ocasiões; prefeitura diz que toma providências

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São Paulo

A dona de casa Amábile Moniz, 40, é cadeirante e denuncia a falta de acessibilidade na escola da única filha, Gabriella, 4. Ela diz que a menina começou a estudar no início deste ano na Escola Municipal Idílio Perticaratti, em Praia Grande, na Baixada Santista.

É Amábile quem leva a filha para a escola. Além de encontrar diariamente barreiras no trajeto de quatro quarteirões, que faz com sua cadeira de rodas motorizada, e nas rampas da instituição quando deixa a menina, ela conta que se sentiu ainda mais excluída quando não pôde entrar na sala de aula de Gabriella para assistir à homenagem do Dia das Mães. Motivo: sua cadeira não passava na porta.

"Ela precisou ficar virando para mim, praticamente de costas para as outras pessoas", lembra. A prefeitura, por meio da Secretaria de Educação, disse em nota que tem conhecimento dos fatos e vem adotando as providências necessárias.

Amábile Moniz assiste do corredor a apresentação de Dia das Mães da filha - Arquivo pessoal

Amábile afirma que, na ocasião, não reclamou com a escola para evitar constrangimento à garota e estragar o próprio dia. Porém, um mês depois, no dia 6 de junho, esteve novamente na escola para uma reunião de pais e mais uma vez não teve como participar com as outras famílias.

"Fiquei no corredor, na porta e quase não conseguia ouvir o que a professora falava. Então em um dado momento ela se aproximou um pouquinho mais e disse aos pais que estavam ensinando aos alunos sobre inclusão. Após a reunião perguntei à professora qual tipo de inclusão estavam passando às crianças, deixando uma mãe do lado de fora. Estavam ensinando que uma pessoa com deficiência não precisa estar no mesmo ambiente dos demais."

Naquele dia a mãe diz que reclamou com a direção sobre a falta de acessibilidade e inclusão. "A diretora simplesmente olhou para a minha cara e falou: 'Pensei que a senhora era muito bem resolvida quanto à sua deficiência'. Respondi que a questão não era a minha deficiência, mas a falta de inclusão da escola e que deveriam ter feito a reunião pelo menos do lado de fora para que eu fosse incluída."

Amábile conta que a direção disse que o evento seguinte seria em outro espaço. No Dia dos Pais, ela acompanhou o marido na homenagem, que de fato ocorreu em um local aberto. Na segunda parte, no entanto, chamaram os pais para uma sala, e ela não pôde participar mais uma vez.

"Meu marido ficou muito chateado, não queria entrar na sala, porém mais uma vez eu não quis causar qualquer trauma para minha filha, pois ela ainda não entende a situação. Fiquei do lado de fora. Disseram que era apenas uma confraternização, de comes e bebes. Ainda me serviram no corredor. Questionei: então não poderia socializar com os outros pais e familiares, sendo que a legislação me garante a socialização?"

Gabriella, 4, se dirige para a porta, onde está a mãe Amábile, durante apresentação - Arquivo pessoal

Ela diz que sua queixa não é apenas pelo seu direito, mas para que medidas sejam tomadas tanto para melhorar estrutura física dos prédios quanto a formação dos profissionais sobre inclusão pessoas com deficiência.

Segundo a prefeitura, entre as ações que estão sendo feitas está o acolhimento da sugestão de Amábile para que atividades sejam realizadas em outros espaços.

"Em duas ocasiões, a equipe gestora da escola realizou o evento no pátio para assim garantir a participação da mesma. Ressaltamos ainda o cuidado e preocupação da Pasta Municipal em garantir o acesso a todos, uma vez que, atualmente, a rede municipal de ensino conta com quase 3.000 alunos com deficiência matriculados nas 78 escolas. Diante disso, as unidades são adaptadas com acessibilidade para atender os educandos e o público em geral, e, caso haja necessidade, os gestores realizam as adaptações espaciais", diz a nota da secretaria.

A mãe, no entanto, reafirma os eventos não foram realizados totalmente no pátio. Procurado sobre isso, o órgão municipal não respondeu até a publicação desta reportagem.

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