Siga a folha

Descrição de chapéu Palavra Aberta

Educar para o mundo conectado é desafio internacional

Boas iniciativas de educação midiática precisam ganhar apoio público e escala

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Em meio a tantos desafios na área da educação, principalmente após a pandemia de Covid-19 ter forçado o fechamento das escolas, há um tema que vem sendo debatido com atenção em fóruns nacionais e internacionais: a necessidade de priorizar uma aprendizagem que dê mais voz aos estudantes, preparando-os para um mundo cada vez mais conectado.

No cenário almejado, crianças e jovens têm a oportunidade de desenvolver uma série de habilidades para lidar de forma mais crítica e responsável em um cenário de a enxurrada de informações a que estão expostos diariamente. Não apenas como consumidores, mas também como produtores de conteúdo. Assim, identificar fake news, avaliar a intenção das mensagens em qualquer formato de mídia, compreender os bastidores das redes sociais e a ação dos algoritmos, criar e compartilhar materiais criativos e confiáveis para melhorar sua comunidade são algumas das competências desejadas a partir de uma educação próxima da realidade dos próprios estudantes e, portanto, mais significativa.

Sala de aula na escola estadual Eliza Rachel Macedo de Souza, na zona leste da capital - Zanone Fraissat/Folhapress

É nesse contexto que tem crescido o debate sobre a importância e a urgência da educação digital e midiática em locais tão diversos como Brasil, Estados Unidos ou Ucrânia. Exemplos de programas desenvolvidos nesses e outros países foram relatados há pouco mais de um mês, em junho, durante um importante evento da área: a conferência anual da Associação Norte-Americana de Educação Midiática (Namle, na sigla em inglês).

Segundo os organizadores, houve um surpreendente crescimento no interesse pelo tema entre a população em geral nos últimos anos. "No entanto, apesar do progresso óbvio, ainda nos encontramos lutando para implementar a educação midiática em nível nacional e global (...) Ainda estamos muito longe de uma mudança sistêmica na educação, uma mudança que priorize a importância da construção de habilidades de alfabetização midiática em todas as disciplinas e faixas etárias."

No Brasil, uma importante oportunidade se abre com a Política Nacional de Educação Digital, aprovada recentemente na Câmara dos Deputados. O projeto de lei, de autoria da deputada Angela Amin (PP-SC), vai além do acesso e uso das tecnologias e incorpora diversos temas caros à educação midiática, como o olhar crítico para consumir e produzir conteúdos e a autoexpressão como forma de participação cívica dos jovens. Durante o debate do projeto, que ainda precisa passar pelo Senado, o Instituto Palavra Aberta trabalhou para que a educação digital tivesse essa abordagem mais ampla, incluindo as reflexões necessárias para o uso responsável, crítico e reflexivo do universo digital.

A conferência da Namle, com apresentações de iniciativas e projetos por quase 100 participantes, deixou claro que a educação midiática é o caminho necessário não apenas para formar jovens aptos a lidar com o ambiente digital, mas principalmente para que entendam o alcance e as consequências do que podem fazer —para o bem ou para o mal. Iniciativas envolvendo escolas, bibliotecas ou mesmo ambientes informais de educação, como centros comunitários, apontaram caminhos diversos pelos quais o letramento da informação pode acontecer. Mas todos com um destino comum: formar uma geração de consumidores e produtores de conteúdo capazes de entender seu importante papel na sociedade conectada, atuando de forma crítica e como responsabilidade.

O grau de educação midiática de uma sociedade é especialmente importante em momentos como este no Brasil, em que dependemos de informações de qualidade para tomar as melhores decisões em uma eleição. Com o projeto #FakeToFora — Quem Vota Se Informa, o EducaMídia também marcou presença na conferência da Namle. Ainda que o projeto tenha sido desenvolvido especificamente para o contexto eleitoral brasileiro, houve o reconhecimento do público de que educação política também demanda educação para as mídias em todos os lugares. É por meio da maneira como nos relacionamos com a informação, em qualquer formato ou dispositivo, que o debate respeitoso e frutífero de ideias acontece, fortalecendo a democracia.

Daniela Machado

Coordenadora do EducaMídia, programa de educação midiática do Instituto Palavra Aberta

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas