Siga a folha

Descrição de chapéu Beleza Todas

Toxina botulínica é eficaz para amenizar rugas, mas uso preventivo ainda é estudado

Dificuldades metodológicas interferem nas pesquisas sobre o caráter do produto para evitar o surgimento das linhas

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Curitiba

O tratamento antirrugas com toxina botulínica do tipo A é o procedimento estético não cirúrgico mais realizado no mundo, segundo a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps, na sigla em inglês). Conhecido como "Botox" —nome comercial do produto fabricado pela farmacêutica Allergan Aesthetics—, o composto é derivado da bactéria Clostridium botulinum e relaxa temporariamente as regiões da face em que é aplicado, atenuando linhas de expressão.

Embora estudos demonstrem a eficácia da toxina para atenuar linhas já instaladas e o aumento da satisfação com o próprio rosto após o procedimento, não há experimentos com grandes amostras atestando que ela previna o surgimento de rugas. "O que vemos é uma diminuição observacional", diz a dermatologista Anna Karoline Tomazine, do Hospital Marcelino Champagnat, em Curitiba.

A maioria das pesquisas de longo prazo para analisar o caráter preventivo do tratamento foram feitas com menos de 100 pessoas, e não com milhares, como ocorre em outros segmentos da medicina. Há desafios metodológicos que interferem nessa análise, diz a dermatologista Valeria Zanela Franzon, professora da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná).

Médica aplica toxina botulínica na testa de uma paciente - Lucas Seixas/Folhapress

Genética, estilo de vida, características da musculatura facial e a forma como cada rosto se expressa dificultam comparações precisas por períodos prolongados. "É difícil avaliar dois grandes grupos durante décadas, e entender que um está melhor ou pior do que o outro só porque um fez o tratamento e o outro não. São muitas variáveis envolvidas", diz Franzon.

Uma das saídas que pesquisadores têm encontrado para realizar essa análise é comparar o efeito da toxina entre gêmeos, que partilham da mesma carga genética. Em 2015, a revista Dermatologic Surgery publicou um estudo com duas gêmeas que foram analisadas durante 19 anos. Uma era regularmente tratada com toxina botulínica e a outra não. A irmã tratada esporadicamente tinha mais rugas de repouso e na contração do que aquela tratada de forma regular.

A satisfação é outro aspecto levado em conta em pesquisas longas sobre o assunto. Um estudo multicêntrico —que ocorre de forma simultânea por meio de um mesmo protocolo em diversas instituições— mostrou que pacientes tratados por mais de cinco anos com a toxina se consideravam em média cinco anos mais jovens. "E quanto maior o tempo de tratamento contínuo, mais jovens se consideravam em relação à idade cronológica", diz a dermatologista Ada Trindade, que está entre as autoras do artigo.

O fato de ser um tratamento utilizado há poucas décadas também interfere na quantidade de questões em aberto, o que mostra a importância de se recorrer a profissionais atualizados, como orienta a dermatologista Ligia Colucci, da Allergan Aesthetics.

Utilizada desde os anos 1970 para tratar estrabismo, a toxina botulínica entrou na estética só no fim dos anos 1980, quando a oftalmologista canadense Jean Carruthers e seu marido, o dermatologista Alastair Carruthers, começaram a testá-la para amenizar rugas. Desde então, muita coisa foi descoberta sobre o procedimento, a exemplo do seu papel na melhora de rugas fixas e não apenas das dinâmicas, que se formam quando se movimenta o rosto. "Mas ainda não temos todas as respostas", diz a dermatologista Alexandra Goetze, preceptora de Cosmiatria e Cirurgia do Mackenzie.

Além do caráter preventivo, também tem sido estudada a resistência que o organismo pode adquirir à substância com o passar dos anos. A toxina inibe a liberação de um neurotransmissor responsável pelo movimento muscular, a acetilcolina. Em aproximadamente um mês, o corpo começa a refazer as conexões neurológicas suspensas pelo produto, levando em torno de três meses para restabelecê-las, e é por isso que o efeito dura esse tempo, explica a dermatologista Elisete Crocco, coordenadora de Cosmiatria da.SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia)"

A questão é que, a cada nova aplicação, o organismo pode produzir anticorpos à substância, reduzindo seu efeito a longo prazo, e a ciência ainda não conhece bem esse mecanismo. Suspeita-se que quanto maior a carga proteica da fórmula, maior a chance de produção de anticorpos. A maior frequência de aplicações também pode estar entre os fatores capazes de desencadear o fenômeno, mas essa é ainda uma das incógnitas a serem solucionadas nos próximos anos.

Como parte da iniciativa Todas, a Folha presenteia mulheres com dois meses de assinatura digital grátis

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior deste texto afirmava que a toxina ​​botulínica age no cérebro. A substância atua nos neurônios do sistema nervoso periférico. 

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas