Siga a folha

Bolsonaro tira de contexto fala de diretor da OMS, que defende isolamento

Tedros Adhanom Ghebreyesu disse que pessoas sem renda fixa precisam de políticas sociais para que possam cumprir as medidas contra Covid-19

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo e Brasília

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça (31) que o diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde) teria voltado atrás e dito que as pessoas "têm que trabalhar". "Ele estava um pouco constrangido, parece, mas falou a verdade. Eu achei excepcional a palavra dele", disse.

No entanto, Bolsonaro tirou de contexto a fala de Tedros Adhanom Ghebreyesu.

A frase completa de Tedros é: "Cada indivíduo é importante, cada indivíduo é afetado pelas nossas ações. Qualquer país pode ter trabalhadores que precisam trabalhar para ter o pão de cada dia. Isso precisa ser levado em conta".

No mesmo discurso, ele reiterou a importância do isolamento social para a prevenção contra o coronavírus e disse que os países que adotarem quarentena como uma das formas de conter a disseminação do coronavírus devem respeitar a dignidade e o bem-estar dos cidadãos.

Nesta terça-feira, Tedros tuitou: "Pessoas sem renda fixa ou qualquer colchão financeiro merecem políticas sociais que garantam sua dignidade e as permitam cumprir as medidas de saúde pública contra a Covid-19 recomendadas pelas autoridades de saúde nacionais e pela OMS".

No final da tarde, na entrada do Palácio da Alvorada, o presidente disse que Tedros​ recuou em sua posição inicial ao ter publicado a mensagem nas redes sociais.

“O cara fala, eu elogio o que ele fala e ele me critica", disse. "Só porque eu elogiei ele voltou atrás, é isso?", questionou.

A posição do diretor-geral também é defendida por outros diretores da OMS, como Mike Ryan, diretor-executivo do programa de emergências sanitárias.

Ainda na segunda, Ryan e outros representantes da organização afirmaram que políticas de restrições de movimento são uma medida lamentável, mas a única possível em um momento como o atual.

"Essas medidas não são fáceis e estão machucando as pessoas. Mas a alternativa é ainda pior", disse Ryan. Os representantes da OMS também afirmaram que é preciso ser transparente com a população ao tomar tais medidas.

Questionada sobre a fala de Bolsonaro, a OMS disse que não seria apropriado comentar declarações presidenciais, mas que poderia esclarecer a entrevista do diretor-geral do órgão.

"Ele foi muito claro: ele disse que cada país precisa fazer sua própria atualização (como quais medidas, incluindo restrições de circulação, que eles deveria implementar), e ao fazer isso eles precisam levar em conta as realidades daqueles que precisam ganhar a vida a cada dia —esses precisam ser protegidos", respondeu a organização por meio de sua assessoria de imprensa à Folha.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas