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Descrição de chapéu Coronavírus

Coronavac é segura e induz resposta imune em crianças a partir de três anos, confirma estudo

Pesquisa de fases 1 e 2 com mais de 500 voluntários foi publicada na revista The Lancet Infectious Disease

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São Paulo

A Coronavac, vacina contra a Covid-19 desenvolvida pelo laboratório Sinovac e produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, é segura e produz resposta imune em pessoas de 3 a 17 anos. Os dados do estudo de fases 1 e 2, anunciados no início do mês pelo próprio laboratório chinês, foram publicados oficialmente na edição desta segunda-feira (28) do periódico científico The Lancet Infectious Diseases.

Ao mesmo tempo que anunciou os resultados preliminares do estudo com crianças, o governo chinês afirmou que iria começar a aplicação da vacina em crianças a partir de 3 anos. Com isso, a China pode se tornar o primeiro país a ter essa população vacinada, embora o ensaio de fase 3 da vacina ainda esteja em andamento.

A Coronavac, da chinesa Sinovac e do Instituto Butantan, foi aprovada para uso emergencial no Brasil em 17 de janeiro - REUTERS

No estudo randomizado, controlado e duplo-cego, foram avaliadas 550 crianças (71 na fase 1 e 479 na fase 2) de 3 a 17 anos para medir a segurança, a tolerabilidade e a imunogenicidade (capacidade de gerar resposta imune) de duas doses da Coronavac em um intervalo de 28 dias entre elas.

Um grupo dos participantes foi sorteado para receber uma substância placebo, inócua ao organismo —nesse caso, foi o hidróxido de alumínio, adjuvante também presente na fórmula do fármaco verdadeiro.

A pesquisa foi conduzida no CDC (Centro para Controle e Prevenção de Doenças) da província de Hebei, região central da China, a 118 quilômetros de Pequim.

A análise de imunogenicidade da vacina apontou que a vacina levou à produção de anticorpos em 96% dos participantes 28 dias após a aplicação da segunda dose. Na fase 1, nenhum dos voluntários tinha anticorpos neutralizantes contra o coronavírus Sars-CoV-2 e, 28 dias após a vacina, 100% deles apresentaram esses anticorpos no sangue.

Na fase 2, 95% dos participantes que receberam as duas doses com 1,5µg e 100% dos que receberam a dosagem maior, com 3µg da vacina, apresentaram anticorpos no sangue 28 dias após a segunda injeção. Por essa razão, os pesquisadores optaram por continuar os estudos de fase 3 com a dosagem mais alta.

Comparando com os testes em pessoas com 18 a 59 anos, a seroconversão, ou seja, a presença de anticorpos no sangue específicos contra o Sars-CoV-2 após a vacinação, foi maior em crianças e adolescentes de 3 a 17 anos do que na população adulta (18 a 59 anos).

Na avaliação de segurança, os participantes foram acompanhados por até 28 dias após a aplicação da segunda injeção contendo vacina ou placebo e, em geral, os efeitos colaterais foram de leves a moderados —27% dos 550 participantes reportaram pelo menos um evento após a vacinação. Em geral, os efeitos mais comuns foram dor no local da injeção (73 ou 13%) e febre (25 ou 5%) e aconteceram até sete dias após a vacinação, com resolução dos sintomas em até 48 horas.

Houve apenas um caso de evento adverso grave: uma criança que apresentou quadro de pneumonia após receber o placebo, não associado à vacina. Não houve diferença estatística significativa entre os indivíduos que receberam a vacina com a dose menor (1,5µg) em comparação com aqueles que receberam a dose mais alta (3µg) na ocorrência de efeitos adversos, o que confirma o perfil de alta tolerabilidade da vacina.

Algumas limitações do estudo apontadas pelos próprios pesquisadores são o número baixo de indivíduos incluídos no estudo por faixa etária e o fato de todos eles serem de uma mesma etnia. Outro ponto citado pelos autores é o curto tempo de monitoramento, o que não possibilita afirmar ainda se a produção de anticorpos é duradoura ou não e se efeitos colaterais podem surgir com maior tempo de observação. Esses dados, em geral, são avaliados quando as vacinas passam a ser utilizadas em larga escala na população.

Até o momento, os testes das vacinas com crianças e adolescentes concluídos incluíram indivíduos de 12 anos ou mais e não havia informações para pessoas abaixo dessa idade.

O imunizante da Pfizer/BioNTech é o único autorizado para uso em crianças com 12 a 17 anos, inclusive no Brasil —a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) concedeu esse aval no último dia 11 de junho, embora seu uso seja condicionado à inclusão desse grupo no PNI (Programa Nacional de Imunizações).

Segundo Dimas Covas Tadeu, diretor do Instituto Butantan, responsável pela produção da Coronavac no Brasil, a inclusão das crianças e adolescentes em testes em outros países e a publicação dos dados do estudo chinês podem acelerar o processo de autorização para essa faixa etária no Brasil.

"Não é um grupo prioritário no momento, porque precisamos primeiro completar a vacinação nos adultos, mas estamos aproveitando esse estudo inclusive para acrescentar no dossiê da Coronavac apresentado à Anvisa, e brevemente também esperamos obter essa autorização e poder vacinar crianças e adolescentes."

A vacina da farmacêutica Sinovac é feita a partir de vírus inativado, mesma tecnologia utilizada em vacinas tradicionais, como da gripe, e que são aplicadas anualmente em crianças.

Como foi o estudo da Coronavac em crianças

Voluntários
550 crianças e adolescentes de 3 a 17 anos foram incluídos na pesquisa

Resultados

  • 96% de produção de anticorpos no sangue específicos contra o coronavírus 28 dias após a segunda dose
  • 27% dos participantes reportaram efeitos colaterais —os mais comuns foram dor no local da injeção e febre
  • Não houve diferença estatística significativa dos efeitos com a dose mais alta em comparação à dose menor do imunizante
  • As duas dosagens se mostraram bem toleradas e com boa resposta imune

Fonte The Lancet Infectious Diseases

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