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Descrição de chapéu Coronavírus

Mulheres, fumantes e pessoas acima de 40 anos têm maior risco de desenvolver Covid longa

Vacinação com pelo menos duas doses reduz em mais de 40% o risco de Covid longa

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São Paulo

Um novo estudo apontou os riscos associados ao desenvolvimento de sintomas da chamada Covid longa. Entre eles estão ser do sexo feminino (56% maior), ter idade entre 40 e 69 anos (21% maior) e ser fumante (10%).

Outras comorbidades, como a imunossupressão (50%), doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC; 38% maior) e doença isquêmica do coração (28%) também estiveram associadas ao maior risco de aparecimento dos sintomas.

Profissional de saúde realiza exame diagnóstico de Covid na cidade de Gaza, no território da Palestina, no Oriente Médio - Mohammed Abed - 19.jul.22/AFP

Os riscos foram maiores também em pessoas que necessitaram atendimento hospitalar ou foram internadas em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) durante a fase aguda da doença (risco 148% e 137% maior, respectivamente).

Já a vacinação com pelo menos duas doses dos imunizantes contra Covid teve uma redução de mais de 40% no risco de pós-Covid.

Os dados são de uma revisão sistemática que avaliou as condições associadas à síndrome pós-Covid. O artigo foi publicado nesta quinta (23) na revista especializada Jama Internal Medicine por pesquisadores britânicos.

A síndrome de pós-Covid é definida pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como a persistência de sintomas até três meses após a infecção aguda pelo coronavírus e com a duração de pelo menos dois meses.

Entre os principais sintomas da pós-Covid estão aqueles associados a problemas neurológicos (perda de olfato, perda de paladar, esquecimento, confusão, dificuldade de concentração, problemas de sono, queda de cabelo) e relacionados ao sistema pulmonar (falta de ar, dificuldade para respirar, tosse comprida).

Para avaliar os fatores de risco associados à Covid longa, os pesquisadores buscaram estudos que incluíram pacientes adultos, com sintomas ocorrendo no mínimo três meses após o quadro de Covid e que continham informações sobre sexo, idade, condições de saúde prévias e status vacinal. Após a busca, eles chegaram a um total de 41 estudos com um total de 860.783 pacientes. Os dados incluem pacientes das Américas, Europa, África e Ásia.

A pesquisa consistiu em fazer uma meta-análise (análise dos dados publicados em estudos anteriores, sem a coleta de novas informações) dos fatores de risco listados nas publicações anteriores.

Vassilios Vassiliou, autor correspondente do estudo e pesquisador da Escola Médica de Norwich (Reino Unido), disse que o estudo é o maior e mais detalhado até hoje, e a análise multivariada permite afirmar com segurança os principais fatores de risco associados ao pós-Covid. "Mais do que isso, permite atribuir um peso de risco adicional para cada fator de risco. Por exemplo, se alguém for fumante e obeso, ele vai ter o risco do tabagismo e pela obesidade, atingindo um risco geral de 1,27 [27% maior]", diz.

De acordo com ele, embora as mulheres tenham um risco um pouco maior para a pós-Covid, os homens também são afetados significativamente pela Covid longa —e esse risco é agravado quando há condições pró-inflamatórias, como algumas formas de asma e o sobrepeso. Por outro lado, a vacinação tem um papel importante tanto na proteção da fase aguda quanto na pós-Covid.

O estudo conclui que os diferentes riscos encontrados mostram como a síndrome pós-Covid é uma condição complexa e multifatorial. "O que nosso estudo mostra, além do benefício da vacinação, é que um estilo de vida mais saudável com redução de peso e do tabagismo, além de todos os benefícios que trazem para outras doenças cardiovasculares e câncer, também têm redução no risco da Covid longa", finaliza.

PAXLOVID REDUZ SINTOMAS DE PÓS-COVID

Em um outro estudo publicado também nesta quinta-feira (23) na revista Jama Internal Medicine, cientistas do Serviço de Pesquisa e Desenvolvimento de St. Louis (Missouri), da Universidade de Washington, da Fundação de Educação e Pesquisa de Veteranos do Missouri e do sistema de saúde St. Louis, nos EUA, encontraram uma ação de redução no risco geral de desenvolver sintomas pós-Covid em pacientes que fizeram uso do Paxlovid.

O antiviral, que é uma combinação dos medicamentos nirmatrelvir e ritonavir, esteve associado a uma redução de 24% do surgimento de sintomas pós-Covid quando utilizado na fase aguda da doença por cinco dias com dois comprimidos ao dia.

De acordo com a pesquisa, que avaliou mais de 280 mil pacientes e que tiveram exame confirmado para Sars-CoV-2 no período de 3 de janeiro a 31 de dezembro de 2022, dentre os quais 35.717 receberam o tratamento com Paxlovid, o risco de hospitalização após o quadro agudo foi também 24% menor e o risco de morte pós-Covid foi reduzido em 47%.

Como conclusão, os autores afirmam que o tratamento com Paxlovid, independentemente do histórico médico ou status vacinal, reduziu o risco de desenvolvimento de sintomas pós-Covid, sendo assim um benefício inequívoco da droga.

No Brasil, o Paxlovid ainda foi incorporado ao SUS (Sistema Único de Saúde) em março de 2022, mas entidades médicas e especialistas criticam a falta de acesso ao tratamento e o quantitativo reduzido de unidades.

Diversos relatos de profissionais de saúde dizem que a droga não está disponível em hospitais públicos do país.

No final do ano passado, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou sua comercialização em farmácias. Atualmente, ele pode ser encontrado em farmácias, com a necessidade de prescrição médica, por quase R$ 5.000.

Ele é indicado para adultos que não se encontram sob uso de oxigenação, mas que correm o risco de evoluir para quadros graves de Covid.

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