Falando russo: termo pejorativo reflete discriminação a judeus
Na Rússia imperial, judeus só podiam morar em determinadas partes do país
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Em 1787, um líder judeu abordou Catarina, a Grande, com um pedido: que a palavra "jid" parasse de ser utilizada em documentos oficiais. A czarina concordou. A palavra russa "politicamente correta" para designar judeu é "ievriêi"; "jid" é um termo pejorativo.
Na literatura, a palavra é amplamente usada por Fiódor Dostoiévski (1821-1881), que destila seu antissemitismo em "Diário de um Escritor", onde chegou a escrever: "Os jidy (plural de jid) irão beber o sangue do povo e se alimentar de sua depravação e humilhação, mas, como irão sustentar o orçamento, será preciso apoiá-los".
Na Rússia imperial, os judeus só podiam morar em determinadas partes do país, tinham restrições de ingresso em escolas e sofriam periodicamente pogroms, descritos em contos de Isaac Bábel (1894-1940). Nos primeiros tempos da Revolução Russa, houve campanhas contra o antissemitismo, que, contudo, voltou com força total com Stálin, como Vassíli Grossman (1905-1964) mostra em "Vida e Destino".
Se, em outras áreas da vida política e cultural soviética, houve relativa abertura após a morte de Stálin, isso não se verificou na situação dos judeus, como atestam escritos de autores como Serguei Dovlátov (1941-1990) e o poeta Joseph Brodsky (1940-1996), Nobel de Literatura em 1987.
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