Siga a folha

Descrição de chapéu Olimpíadas 2024

Ouro ou total: EUA e China mudam classificação do quadro de medalha para ficarem na frente

Potências esportivas nos últimos Jogos, EUA e China criam formas de ficar na liderança do ranking

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

Fundador dos Jogos Olímpicos da era moderna, em 1896, o educador francês Pierre de Frédy, conhecido como Barão de Coubertin, estabeleceu o lema "o importante não é vencer, mas competir. E com dignidade".

Esse lema é desafiado quando o debate é que nação "ganhou" as Olimpíadas. Na Guerra Fria, com o acirramento das disputas entre Estados Unidos e a então União Soviética, o esporte virou apenas mais uma plataforma para demonstrar a supremacia sobre os rivais.

Pódio da final por equipes da ginástica artística em Paris: Japão levou o ouro, superando China e Estados Unidos, as duas maiores potências esportivas da atualidade - Xinhua

Segundo Kátia Rubio, professora da Faculdade de Educação da USP e coordenadora do Grupo de Estudos Olímpicos, o quadro de medalhas é uma invenção justamente da Guerra Fria, criado por jornalistas ocidentais para os Jogos de Helsique-1952 com a intenção de comparar os países.

"A União Soviética não foi para os Jogos de 1948 [Londres], mas voltou em 1952 e ficou hospedada em um navio e não na Vila Olímpica, já mostrando a rivalidade que existiria. Então, os Jogos Olímpicos seriam uma extensão da Guerra Fria", conta Rubio.

A professora diz que o quadro se manteve enquanto favoreceu os EUA, classificando os países pelo número de ouros, e não a totalidade.

"Mas quando isso começou a não favorecer os americanos, começaram a fazer rankings de atleta-país, IDH [índice de desenvolvimento humano] etc. Cada um pode criar um quadro de medalhas do jeito que quiser", destaca Rubio. Segundo ela, o COI não trata o quadro de medalhas como um ranking oficial.

Com o fim da União Soviética e as constantes suspensões da Rússia por escândalos de doping ou pela Guerra da Ucrânia, quem assumiu a rivalidade com os Estados Unidos foi a China, potência econômica e esportiva. E o quadro de medalhas, desafiando o lema de Coubertin, virou um campo de batalha.

Quando convém, ora consideram o ouro como primeiro critério de definição, ora consideram o total de medalhas. E, em casos raros, chegam até a apelar.

Foi o que fez a China depois de Tóquio. A mídia estatal chinesa passou a divulgar o quadro incluindo as medalhas conquistadas por Hong Kong e Taiwan. As duas nações são consideradas independentes pelo COI, mas Hong Kong é uma região administrativa especial da China que segue o sistema capitalista, herança da colonização britânica, mas é subordinada ao governo central chinês. Já Taiwan é, para a China, uma província rebelde.

Segundo a contagem oficial, a China teve em Tóquio 38 ouros, 32 pratas e 18 bronzes, sendo 88 no total. Com as medalhas agregadas, o país ficou com 42 ouros, 37 pratas e 27 bronzes, totalizando 106 e superando em ouros os Estados Unidos, que tiveram 39 ouros, 41 pratas e 33 bronzes, e total de 113.

Mas a imprensa americana não ficou atrás, mesmo durante os Jogos de Tóquio. No momento em que os chineses lideravam o quadro por número de ouros, jornais e sites do país passaram a atualizar seu quadro pelo número total de medalhas. No final, porém, não fazia diferença, uma vez que os americanos lideraram em ambas as situações.

A edição francesa ainda nem chegou à metade, mas a emissora americana Fox continua usando o ranking por total de pódios para deixar os EUA no topo. Mas mudanças são possíveis até o fim da competição.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas