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Descrição de chapéu Olimpíadas 2024

Paris acelerou remoção de sem-teto, reconhece comitê organizador dos Jogos

Capital francesa celebra objetivos inéditos de sustentabilidade e responsabilidade social, mas é acusada de limpar as ruas antes da festa olímpica

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Paris

Os Jogos mais sustentáveis da história, "trampolim para as futuras edições e para qualquer outro evento esportivo". O léxico olímpico incorpora termos como ambiente e sustentabilidade desde pelo menos Sydney-2000, mas em Paris-2024 eles estão tão presentes que acabam por evidenciar contradições. Como o extenso corolário sobre responsabilidade social em contraste à remoção de grupos de sem-teto das ruas da capital francesa.

Em 3 de julho, um acampamento de imigrantes em torno da prefeitura só resistia, segundo críticos, devido à tolerância da administração de Anne Hidalgo, a socialista que, na última semana, ganhou as capas de sites e jornais ao nadar no rio Sena, feito histórico após um século de poluição. O aglomerado já havia sumido no dia 14, e o "Hôtel de Ville" convive agora com cercas de aço e banners olímpicos. O local abrigará uma das principais fanfests da cidade.

Vista geral da Pont de la Concorde com gradis de segurança e barreiras para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, em Paris - Stephane de Sakutin - 18.jul.24/AFP

"Pessoas nas ruas é um problema antigo de Paris, e há políticas do governo e da prefeitura em busca de soluções. Por causa dos Jogos, essas políticas foram aceleradas, mas o objetivo é oferecer moradia para essas pessoas. Não no centro da cidade, é claro, mas em outros locais", afirmou neste domingo (21) Marie Barsacq, diretora de Impacto e Legado do Comitê Organizador Paris-2024.

Uma das cidades mais visitadas do mundo, Paris contabiliza cerca de 100 mil pessoas em situação de rua, ou um terço do problema no país. Com 2,1 milhões de habitantes, a capital francesa tem a complexa questão como um de seus principais desafios.

Segundo a dirigente, os projetos de legado olímpico também têm como foco a população sem-teto. "Apoiamos programas que levam atividade esportiva para pessoas que vivem nas ruas ou em condições precárias, como, por exemplo, imigrantes. Que usam o esporte para inclusão social."

Ao lado de Barsacq, Marie Sallois, diretora de Desenvolvimento Sustentável do COI (Comitê Olímpico Internacional), lembrou que parte das camas usadas pelos atletas na Vila Olímpica serão doadas depois dos Jogos para entidades que abrigam vulneráveis.

Denunciada há meses por ativistas, a remoção de parte da população de rua é uma das nuvens no horizonte parisiense há poucos dias dos Jogos. Na primeira entrevista coletiva do centro de imprensa dos Jogos, também neste domingo (21), Tony Estanguet, presidente do Comitê Organizador de Paris-2024, declarou que o país "não poderia ter sido mais responsável" na elaboração do projeto olímpico que chega a seu auge nesta semana.

"Decidimos promover Jogos completamente abertos para a cidade", afirmou, em clara referência à Cerimônia de Abertura, que pela primeira vez ocorrerá fora de um estádio, na sexta-feira (26), entre o Sena e os grandes cartões postais da cidade.

Turistas passam por uma barreira em Paris enquanto o perímetro de segurança para a cerimônia de abertura é implantado antes dos Jogos Olímpicos de 2024

E, completou o executivo, tricampeão olímpico de canoagem, Paris decidiu promover "Jogos completamente abertos aos desafios". Citou o objetivo de cortar pela metade a emissão de carbono em comparação a Olimpíadas passadas, a despoluição do Sena, a maior parte do orçamento do evento dedicada ao desenvolvimento urbano e social da região mais pobre da França, Seine-Saint-Denis, e até um programa nacional para promover 30 minutos diários de atividades físicas em escolas.

Alguns desafios, como a questão dos sem-teto, aparentemente ficarão para mais tarde.

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