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Descrição de chapéu Olimpíadas 2024

Jardim das Tulherias vira Arpoador olímpico, com aplausos ao pôr do sol

Içamento da pira dos Jogos de Paris, em forma de balão, reúne multidão festiva ao fim de cada dia de competições

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Paris

Perto das dez horas da noite, quando o sol se põe no verão europeu, uma multidão tem se reunido no Jardim das Tulherias, à margem direita do rio Sena, na região central de Paris. É lá que está instalada a pira dos Jogos Olímpicos de 2024, em forma de balão, uma referência ao pioneirismo francês no balonismo século 18.

O caldeirão, então, é içado ao céu, no mesmo jardim sobrevoado pelo balão de verdade de Jacques Charles, em 1º de dezembro de 1783. Em um jogo de luzes naturais e artificiais, o vapor d’água da peça, emitido por 200 bicos e iluminado por 40 projetores de LED, mistura-se ao tom alaranjado do poente, a 30 metros de altura. Aí, vêm os aplausos.

"Parece que estamos no Arpoador, merrrrmão", observou Celio Santos, 44, trajado com uma camisa da seleção brasileira, número 10 e nome de Neymar às costas. "Só estou sentindo falta daquela maresia. Mas está valendo", gargalhou o carioca, que tinha acompanhado competições de skate, ali pertinho, na Praça da Concórdia.

Multidão observa e fotografa a pira no Jardim das Tulherias - Folhapress

Ele foi uma entre as centenas de milhares de pessoas presentes recentemente no local –o "Jardin des Tuileries", como fez questão de pronunciar, em um francês com um quê de Jacarepaguá–, que virou ponto de encontro ao fim de cada dia de competição. E observou que o ritual é bem semelhante ao rotineiramente visto em seu Rio de Janeiro, na Pedra do Arpoador.

Em dias de bom tempo, o Arpoador é uma posição privilegiada para a contemplação do ocaso do astro-rei. Quando ele faz seu mergulho na baía de Guanabara, o espetáculo visual é tratado com reverência por quem está naquele ponto, com vista para a praia de Ipanema e para o morro Dois Irmãos.

Segundo o jornalista Carlos Leonam, a prática foi inaugurada entre os anos 60 e 70, quando ele estava com amigos em Ipanema, entre eles a atriz Leila Diniz e o jornalista e treinador de futebol e ativista do comunismo e uma porção de outras coisas João Saldanha. "Estava um dia genial", recordou, em 2014, ao jornal O Globo. "Aí eu puxei algo como: ‘Palmas para o sol!’".

Os aplausos ganharam força a partir de 1974, quando um comercial de TV da marca de maiôs Rhodianyl o reproduziram. "Pessoal, uma salva de palmas para o sol, porque ele foi muito legal com a gente neste fim de semana", diz um rapaz cabeludo, de sunga, devidamente seguido por toda a praia. Na tela, brota a mensagem: "Compre um maiô Rhodianyl, que amanhã tem mais".

Não há pessoas trajando maiôs Rhodianyl ou circulando de sunga por Paris, embora os Jogos estejam ocorrendo sob altas temperaturas. Atletas como o brasileiro Gustavo Bala Loka, do ciclismo BMX freestyle, realizado ali, pertinho do Jardim das Tulherias, disseram que o nível atingido nos termômetros interferiu diretamente em suas performances, tornando necessárias adaptações.

Se incomoda os esportistas, o clima anima os espectadores, que saem das arquibancadas e querem mais. Antes de o balão subir, uma espécie de DJ improvisado anima quem passa pelo espaço, bem perto do Museu do Louvre e do Arco do Triunfo. Quando a pira já está no céu e a noite está visualmente estabelecida, o ambiente é de balada.

Até houve um refresco nos termômetros em alguns momentos, com dias mais amenos e momentos de chuva. Quando ela cai, como ocorreu no último final de semana, o público no Arpoador francês, claro, diminui. Ainda assim, aparecem curiosos para observar a pira, que, dentro do mote de sustentabilidade dos Jogos de Paris, não tem uma chama propriamente dita.

Para evitar o uso de combustíveis fósseis na alimentação do fogo, ele é simulado com vapor e LED. Assim, foi apenas simbólico o momento em que o judoca Teddy Riner e a ex-velocista Marie-José Pérec executaram o gesto de acender a pira, na cerimônia de abertura. De qualquer maneira, quando o alaranjado artificial do balão se mistura ao alaranjado natural do céu, brotam aplausos.

"Só falta aquela maresia, né, merrrrmão?"

Como no Rio, após o pôr do sol, chega a hora de dançar - Folhapress

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