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Entenda como é feita uma pesquisa eleitoral

Sistema não é 'previsão do futuro', e envolve mais do que sair perguntando às pessoas em quem elas vão votar

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São Paulo

Não é por acaso que chamam de "corrida" toda essa movimentação que acontece nos meses anteriores às eleições. Os candidatos a presidente e a governador disputam a preferência dos eleitores a cada instante com aparições na TV, no rádio, em cartazes, no WhatsApp etc.

Os concorrentes, seus apoiadores, a população em geral… todo mundo quer saber quem está na frente na tal corrida (e precisa manter o ritmo) e quem está atrás (e vai ter que achar um jeito de se recuperar ou, de repente, de juntar forças com um adversário).

Para isso servem as pesquisas eleitorais: fazer uma espécie de retrato, a cada vez que são realizadas, a fim de saber quem, naquele instante, está liderando a corrida. E como essa pesquisa funciona? Será que é só sair perguntando pra sua tia, seu vizinho, para aquele moço que está atravessando a rua em quem ele vai votar?

Não é bem assim. O Brasil tem cerca de 150 milhões de eleitores (é muita gente!).

"Seria impossível, pelo tempo e pelo custo, entrevistar todas as pessoas; nesse caso seria um censo, como o IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística] faz", diz Luciana Chong, diretora do Datafolha, um dos mais tradicionais institutos de pesquisa do país e parte do Grupo Folha, que publica esta Folhinha.

O censo que ela menciona é uma pesquisa que acontece no Brasil a cada dez anos e que visita todas as residências no país para saber quantos habitantes existem, as condições da moradia, a religião das pessoas, informações sobre a saúde, se estudam, trabalham etc.

"É por isso que as pesquisas eleitorais trabalham com uma amostra, um grupo de pessoas que representam a população inteira", explica Luciana.

No Brasil, temos um pouquinho mais de mulheres (52%) do que de homens (48%); uma a cada cinco pessoas começou ou terminou a faculdade, e 6,6% não sabem ler ou escrever; existem mais pessoas evangélicas do que espíritas ou budistas. E por aí vai.

A cada pesquisa eleitoral, cerca de 2.500 pessoas são entrevistadas. Quanto mais pessoas entrevistadas, menor a "margem de erro" —em outras palavras, fica mais fácil saber quem está na frente ou atrás na competição, o que reduz a chance de "empate técnico".

"O segredo para representar a realidade é a distribuição da amostra. Vamos a 190 municípios em todo o Brasil. Não ficamos apenas em cidades grandes ou capitais. O pesquisador tem que pegar avião, barco, ônibus e ir até a cidade sorteada", conta Luciana.

Por exemplo: para chegar até Feliz Natal, uma cidadezinha de 15 mil habitantes em Mato Grosso, e entrevistar os feliz-natalenses, o pesquisador sai de Campo Grande (MS), percorre mais de 1.000 km numa viagem terrestre de 20 horas até Sinop (MT), passa a noite ali, e só na tarde seguinte segue ao destino final, de van, em mais duas horas de trajeto.

Agora, para ir até a cidade de Barcelos, no Amazonas, a 400 km da capital Manaus, é possível pegar avião, mas o problema é que o pesquisador só consegue pegar o voo de volta três dias depois.

A alternativa é encarar uma viagem de 31 horas de barco. Nessa alternativa, é preciso sair na sexta-feira às 18h e voltar na segunda seguinte, às 18h. No meio tempo, desfruta-se da hospitalidade barcelense e realiza-se o trabalho propriamente dito.

Na hora da ação, os pesquisadores se posicionam em locais de grande fluxo e, com um tablet em mãos, entrevistam as pessoas de cada gênero e faixa etária estabelecidos no planejamento.

Os dados vão, pela internet, direto para a central, onde há ainda um controle de qualidade, para garantir que a entrevista foi bem preenchida e que não há tentativas de manipulação.

Outra forma de evitar pesquisas mal-conduzidas é o registro no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) antes mesmo de o processo começar. Ali, os responsáveis pelo levantamento fornecem dados técnicos, questionário que será aplicado, como é feita a amostragem etc.

Para organizar e realizar tudo isso, da preparação até a liberação dos resultados que lemos no jornal ou assistimos na TV, leva-se de uma semana a dez dias.

Não seria mais fácil e mais barato ligar para as pessoas ou fazer uma pesquisa pela internet? Luciana responde: "Sim, seria, mas, se você quer falar com todos os tipos de pessoas, de todas as classes, de todas as faixas etárias, o melhor jeito é a pesquisa presencial. O contato pela internet ou pelo telefone limita em parte esse acesso".

Outro ponto importante, explica a diretora do Datafolha, é que a pesquisa eleitoral não é previsão do futuro, mas, como os jornalistas e comentaristas costumam dizer, um "retrato do momento".

Por isso, de tempos em tempos, ao longo da corrida, elas são repetidas. Enquanto os candidatos realizam suas ações, fazem suas promessas e apresentam suas propostas, as opiniões das pessoas mudam.

No fim, as várias fotografias das pesquisas eleitorais formam um filme, cujo grande final a gente só fica sabendo na linha de chegada, as próprias eleições, marcadas para outubro deste ano.

TODO MUNDO LÊ JUNTO

Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança

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