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Coleção Folha apresenta Luiz Gama, herói negro que merece ser reconhecido

Novo volume da série traz o abolicionista que foi vendido à escravidão por seu próprio pai

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Lia Bock
São Paulo

Um dos maiores abolicionistas brasileiros se chama Luiz Gama, mas é possível que você nunca tenha escutado falar dele. Seus feitos, que vão da luta pela liberdade à poesia e dos textos jornalísticos aos tribunais, só foram resgatados com a pompa que merecem nos últimos anos.

É por isso que esse importante pensador brasileiro é o tema no 12° exemplar da Coleção Folha Pensadores para Crianças que acaba de chegar às bancas.

Ilustração de volume sobre Luiz Gama da Coleção Folha Pensadores para Crianças - Divulgação

Gama nasceu em 1830 em Salvador, filho de uma mãe negra liberta e um pai branco importante. "Eu sabia que tinha nascido sem correntes e todos os dias me lembrava de como os olhos da minha mãe brilhavam quando ela me dizia: "Você é livre, meu filho!", conta o narrador.

Mas a história do pequeno Luiz sofreu um revés. Aos oito anos ele viu sua mãe desaparecer sem deixar rastro e seu pai vendê-lo a um comerciante para recuperar o dinheiro que perdeu no jogo. E assim, aquele menino negro que tinha nascido livre se tornou escravizado.

"Fui parar numa espécie de mercado, onde senhores muito ricos compravam escravizados para trabalhar na lavoura", conta no livro. Mas, como vinha da Bahia, conhecida pelas rebeliões e fugas, a maioria dos fazendeiros da região ficou com receio de comprá-lo. Mal sabiam eles que estavam diante de um dos maiores líderes do processo abolicionista.

A trajetória de Gama é emocionante e, como a coleção vem com uma plataforma online em que se pode escutar as histórias, dá para ouvir o próprio Luiz contando tudo que aconteceu.

"Acabei sendo vendido para uma família que vivia na cidade de São Paulo. Lá, eu fazia trabalhos domésticos e pequenos serviços e novas oportunidades apareceram. Naquela época, crianças negras não podiam ir à escola, mas isso não me impediu de aprender. Eu perguntava sobre tudo e foi assim que aprendi matemática e também a ler e escrever sozinho", conta.

Curioso que era, o jovem logo se aproximou da turma do famoso curso de direito do largo São Francisco, onde muitas pessoas falavam contra a escravidão.

"Comecei a buscar informações sobre esses discursos. Para minha surpresa, descobri que minha situação era completamente errada. Pela lei brasileira daquela época, não era permitido vender e escravizar pessoas nascidas livres. Quer dizer, meu pai me vendeu ilegalmente!", conta o narrador.

Gama preparou todos os documentos e brigou por sua própria liberdade na Justiça. E, aos 18 anos, se livrou das correntes. Mas para ele foi pouco: "Eu não queria me libertar sozinho. Meu desejo era libertar todos os negros escravizados no Brasil!"

Ao longo da vida, ele ajudou mais de 500 pessoas a conquistarem sua liberdade. Viu por que Gama foi um dos abolicionistas mais importantes do Brasil?

Daí vocês podem estar se perguntando: como pode um herói desses não ter ficado muito famoso? E aí vem uma parte importante, para que um herói tenha seus feitos reconhecidos é preciso que alguém conte sua história.

Pense: será que você saberia quem é o Homem-Aranha ou o Flash se não fossem as histórias contadas nos filmes, livros e séries?

Alguns especialistas acham que por ter morrido seis anos antes da abolição e sete antes da Proclamação da República, Gama acabou sendo deixado de lado na narrativa que se construiu.

É como se as pessoas poderosas da época não tivessem interesse em revelar a grandeza desse homem que era negro, poeta, jornalista, advogado e principalmente livre antes que alguém desse essa liberdade a ele.

Ainda bem que Gama escrevia muito e deixou registros incontestáveis de seu trabalho, assim, pesquisadores dispostos a revelar outros lados da história do Brasil puderam apresentar esse pensador incrível que, agora, você e sua família também conhecem.

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