Siga a folha

Descrição de chapéu

Volume traz tradução poética de impacto de mestre do haiku

'As Cinco Estações', de Matsuo Bashô, apresenta mais de mil poemas

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Guilherme Gontijo Flores

As cinco estações: os haicais de BashÔ

Avaliação:
  • Preço: R$ 50 (336 págs.)
  • Autoria: Matsuo Bashô
  • Editora: Crossing Borders
  • Tradutor: José Lira

Em reportagem recente na Folha, Carlos Graeib mostrou o crescimento do interesse pela poesia clássica ocidental, com traduções gregas e romanas. Curiosamente, temos também um florescimento da tradução de poesia oriental que ainda não tem tido a mesma repercussão.

Casa onde viveu o poeta japonês Matsuo Bashô - Osny Anashiro/Divulgação

Ricardo Portugal e Tan Xiao, por exemplo, lançaram em 2011 a "Poesia Completa" de Yu Xuanji e, em 2013, a já fundamental "Antologia da Poesia Clássica Chinesa", que lhes rendeu o Prêmio Jabuti.

Agora mais um livro importantíssimo também é lançado: "As Cinco Estações", de Matsuo  Bashô (1644--1694), com tradução de José Lira. Esse trabalho oferece uma tradução poética de impacto, que amplia o corpus do grande mestre do haiku (ou haikai, forma de poesia concisa, escrita com três versos, em geral com cinco, sete e cinco sílabas).

José Lira tem uma carreira na poesia de cordel, além de dedicação recente à prática do haiku; além disso, é conhecido por suas traduções de Emily Dickinson, entre outras. Em "As Cinco Estações", ele apresenta todos os haikus de Bashô, a primeira tradução no Brasil (saiu outra em Portugal, em 2016, por Joaquim M. Palma).

Trata-se de um trabalho de fôlego e rigor, com todos os mais de mil poemas acompanhados do original em escrita kanji (ideogramas japoneses) e romaji (transliteração em alfabeto latino), além de notas para cada peça. Vejamos uma: "É toda a voz/ A cigarra na casca/ Até o fim".

Ao que anota Lira: "Segundo a crença geral, perder a casca, para a cigarra, era perder a vida. [...] Para R. H. Blyth, nenhum 'antes' ou 'depois' estraga o 'presente eterno' que é a existência da cigarra".

Assim, para além do empenho poético de Lira (feliz, porém desigual, como se pode esperar num trabalho como esse), temos também um acesso cultural que abre os sentidos do poema para os jogos simbólicos japoneses.

Esse trabalho de Lira, em parte, segue de perto o trabalho recente e belíssimo de "A Borboleta e o Sino", de Yosa Buson (1716--1783), em tradução de Sérgio Medeiros (Cultura e Barbárie, 2016), onde lemos versos como: "Carmesim, as flores/ das ameixeiras inflamam/ bostas de cavalo".

Nos dois livros, Bashô por Lira e Buson por Medeiros, temos a ampliação das possibilidades da poesia japonesa no Brasil, pela recriação poética ou pelas anotações.

Falta agora uma edição dedicada a Kobayashi Issa, para termos os três grandes hakuistas. Mas já podemos dizer que, apesar de ainda pouco divulgadas, as obras de dois mestres japoneses florescem no Brasil.

GUILHERME GONTIJO FLORES é poeta, tradutor e professor de língua e literatura latinas na UFPR

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas