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Maniqueísta, 'Uma Dobra no Tempo' se perde com discurso edificante em excesso

Superprodução é o 1º filme da Disney feito com a intenção de dar mais espaço às minorias

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Alexandre Agabiti Fernandez
São Paulo

UMA DOBRA NO TEMPO (A WRINKLE IN TIME)

Avaliação: Ruim
  • Quando: estreia nesta quinta (29)
  • Elenco: Storm Reid, Oprah Winfrey e Reese Witherspoon
  • Produção: EUA, 2018, 10 anos
  • Direção: Ava DuVernay

Veja salas e horários de exibição

Esta superprodução é o primeiro filme dos estúdios Disney feito com a intenção deliberada de dar mais espaço às minorias, consequência direta da polêmica racial levantada na cerimônia do Oscar de 2016. A presença de afro-americanos começa com a diretora Ava DuVernay e é forte no elenco, aliás, majoritariamente feminino.

Adaptado do romance homônimo de Madeleine L'Engle —publicado em 1962 e popular até hoje nos EUA—, o filme conta a epopeia de Meg (Storm Reid), uma adolescente afro-americana que viaja pelo espaço-tempo ao lado do irmão adotivo Charles Wallace (Deric McCabe) em busca do pai, um astrofísico que sumiu quatro anos antes ao fazer misteriosas experiências.

Na viagem iniciática de Meg, três seres sobrenaturais —verdadeiras fadas intergalácticas de aspecto extravagante, as senhoras Qual (Oprah Winfrey), Queé (Reese Witherspoon) e Quem (Mindy Kaling)— a ajudam a encontrar o pai em um mundo distante, no qual a garota enfrenta uma força maligna.

Mas essa típica fábula maniqueísta e cheia de peripécias que mistura ficção científica e fantasia não cumpre o que promete. O principal responsável pelo fracasso é o roteiro.

Uma de suas fraquezas é o discurso repleto de boas intenções sobre a importância do amor, da união entre as pessoas, sobre o papel que cada um tem a desempenhar neste mundo e outras banalidades edificantes. A onipresença dessa mensagem, que sai da boca de vários personagens, faz com que soe forçada.

Mais grave é a inépcia para construir a narrativa. O contexto familiar de Meg é apresentado de modo truncado, com constantes flashbacks, prejudicando o ritmo e a caracterização dos personagens, sobretudo Meg. Também não ajuda a atuação de Storm Reid, que enfatiza as emoções sem muita sutileza.

Os personagens não têm densidade alguma, o que não favorece a identificação ou a empatia. A figura mais frágil é Calvin (Levi Miller), o colega de escola de Meg que se junta à aventura sem que saibamos muito bem as razões. Ele também parece não saber.

Tampouco são dadas maiores contextualizações sobre o "tesseract", o expediente que lhes permite percorrer o espaço-tempo, que é simplesmente jogado pelo roteiro como se fosse algo comum.

A parte visual também não funciona. Os efeitos são vistosos, mas essa avalanche de pirotecnia é bastante desigual em termos de qualidade, revelando-se impotente para maravilhar ou despertar a imaginação do espectador.

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