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Filme 'Tully' encontra força em texto afiado, cheio de deboche e sutilezas

Longa com Charlize Theron propõe relato tragicômico dos prazeres e desprazeres da maternidade

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Tully

Avaliação: Ótimo
  • Quando: Estreia na quinta (24)
  • Classificação: 14 anos
  • Elenco: Charlize Theron, Mackenzie Davis, Ron Livingston, Mark Duplass
  • Produção: EUA, 2018
  • Direção: Jason Reitman

Veja salas e horários de exibição.

Lencinhos umedecidos e fraldas sujas se amontoam pelos cantos da casa. O peito vaza leite. Uma sinfonia desafinada de berros rasga abruptamente o silêncio da madrugada. As olheiras fundas entregam um esgotamento físico e mental digno de triatleta.

Sem meias-palavras, sem meias-imagens, “Tully” propõe um relato tragicômico, duro, mas, ao mesmo tempo, honesto e sensível sobre os prazeres e desprazeres da maternidade.

Estrelado por Charlize Theron —vencedora do Oscar de melhor atriz por “Monster” (2003)—, o filme reedita pela terceira vez a parceria ajustada entre o diretor Jason Reitman e a roteirista Diablo Cody.

Com a história de uma gravidez indesejada na adolescência, Cody levou o Oscar de roteiro original por “Juno” (2007). O segundo longa da dupla, “Jovens Adultos” (2011), que também trouxe Theron no papel principal, escorregou e não alcançou o mesmo reconhecimento.

Agora, porém, os dois voltam a acertar a mão nessa comédia dramática que se debruça numa das experiências mais intensas da vida de uma mulher e insinua que ser mãe é apodrecer no paraíso --ou no purgatório, dependendo do ponto de vista).

Dentro do carro, Marlo (Charlize Theron em outra atuação inspiradíssima) precisa aguentar o peso da barriga de nove meses, enquanto seu filho “peculiar” de cinco anos (Asher Miles Fallica) dá chutinhos insistentes no banco do motorista. Incomodada com o furdunço, Sarah (Lia Frankland), a primogênita, pergunta por que o garoto não para de gritar.

Do lado de cá da tela, o público experimenta uma pequena —e sufocante— amostra do universo caótico que gira em torno de uma mãe prestes a parir o terceiro rebento. Cena a cena, a plateia acompanha o colapso iminente da protagonista e a inércia de seu marido (Ron Livingston) após o nascimento de Mia.

A chegada radiante de Tully (Mackenzie Davis) marca a primeira reviravolta da trama. Com seus olhos verdes cintilantes, riso fácil e transpirando jovialidade, a babá noturna contratada pelo irmão ricaço de Marlo (Mark Duplass), aos poucos, coloca cores e ordem na casa. No sentido literal e figurado.

Em total sintonia, as duas atrizes —tal como o restante do elenco— conferem um tom a mais ao roteiro ágil e saboroso costurado por Cody e tratado com delicadeza pela direção de Reitman.

E assim, alheio a uma história mirabolante, “Tully” vai encontrando sua força, sobretudo, num texto atual, afiado, cheio de ironia, deboche e sutilezas, que não tem vergonha de rir das tragédias particulares; que diz muito também na ausência dos diálogos; e que dá um espaço generoso para o espectador rabiscar suas próprias conclusões.


 

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