Show de Ozzy em São Paulo é mais do mesmo, o que é ótimo
Elencadas as várias facetas de Ozzy, a que se sobressai é a obsessão de fazer cada show como se fosse o último
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O show de Ozzy Osbourne na noite de domingo (13), no paulistano Allianz Parque, foi exatamente o esperado. E isso foi ótimo. O mesmo repertório exibido em outras apresentações dessa que ele anuncia ser sua última turnê, o mesmo carisma moldado em simpatia e sandice, uma banda furiosa e a cumplicidade total da plateia.
Faltou pouco para a lotação completa do estádio do Palmeiras, que disponibilizou cerca de 40 mil ingressos aos fãs desse inglês de 69 anos que ajudou a construir a história do rock pesado nos anos 1960, à frente do Black Sabbath. O público era majoritariamente quarentão e cinquentão. Muita gente ali comprou os LPs do Sabbath na época de seus lançamentos.
Ozzy tem vários perfis, e eles se revezam no palco. É possível ver um pouco do seguidor do satanismo que trouxe ao rock essa temática. Também está no palco o cantor furioso. Nem vale a pena perguntar se Ozzy continua cantando como antes. Ele nunca teve uma grande técnica vocal, sempre foi mais vontade do que talento. E a vontade de berrar segue firme.
Marca presença também a figura cômica do cantor, com evidentes sequelas de abuso de drogas que viraram piada na cultura pop. Seu jeito apalermado veio de alguns episódios folclóricos em sua carreira, e suas trapalhadas de um Jerry Lewis roqueiro tornaram-se célebres no reality show que estrelou com sua família na TV americana.
Elencadas as várias facetas de Ozzy, a que se sobressai é a obsessão de fazer cada show como se fosse o último de sua vida. Tudo é pesado, rápido, macabro, com ajuda de uma banda fantástica. São estrelas coadjuvantes na trupe o guitarrista Zakk Wylde, um herói do instrumento, e o tecladista Adam Wakeman, filho de Rick Wakeman, contemporâneo de Ozzy no rock britânico.
Wylde é um tornado no palco. Parte da plateia era de fãs de carteirinha dele e de sua banda pesadíssima, Black Label Society, um nome estampado em várias camisetas pretas no estádio. Wakeman é discreto, mas fundamental para segurar a ferocidade de Wylde e dos integrantes da cozinha demoníaca de Ozzy, o baterista Tommy Clufetos e o baixista Blasko.
O show começou a toda potência, com “Bark at the Moon”, hit do álbum homônimo de 1993. Depois, Ozzy emendou duas de “Blizzard of Ozz”, disco de 1980: “Mr. Crowley” e “I Don’t Know”. Aí veio a primeira das três músicas do Sabbath na noite, “Fairies Wear Boots”. As outras foram “War Pigs” e “Paranoid”, que encerrou o bis numa missa roqueira arrebatadora.
As três são do segundo álbum do Sabbath, “Paranoid”, lançado em 1970 e considerado a obra-prima da banda. Ozzy parece concordar com os críticos e os fãs que veneram esse disco.
Os álbuns de sua carreira solo mais contemplados no repertório foram o citado “Blizzard of Ozz” e “No More Tears”, de 1991, cada um com quatro músicas apresentadas. Do primeiro, “Crazy Train” foi a que causou mais furor, fechando o show antes da volta para o bis. Do segundo, veio um momento magistral da noite, com a balada pesada “No More Tears” cantada pelo público, que continuou de boca aberta com o solo matador de Wylde para fechar a música.
Outros números empolgantes foram “Shot in the Dark” (1986) e “Mama, I’m Coming Home” (1991), esta já no bis, antes da apoteose com “Paranoid”. Assim foi o primeiro dos quatro shows no Brasil da “No More Tours 2” (sem mais turnês 2). O número brinca com a turnê de 1992, que tinha o mesmo nome e também foi anunciada na época como sua despedida dos palcos. Para sorte de quem foi ao Allianz Parque, Ozzy não é muito bom para cumprir promessas.
As datas dos outros shows: quarta (16), em Curitiba, na Pedreira Paulo Leminski; sexta (18), em Belo Horizonte, na Esplanada do Mineirão; e domingo (20), no Rio, na Jeunesse Arena.
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