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'Baronesa' tem boa sacada, mas discurso das personagens derrapa

Misto de realidade e ficção dirigida por Juliana Antunes acompanha Brasil periférico, pobre

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Leidiane e Andreia (de regata laranja) em cena de 'Baronesa', de Juliana Antunes - Divulgação

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Baronesa

Avaliação: Regular
  • Quando: Estreia nesta quinta (14)
  • Classificação: 16 anos
  • Produção: Brasil, 2016
  • Direção: Juliana Antunes

Veja salas e horários de exibição.

Nos instantes finais de “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964), o vaqueiro Manoel corre como se não houvesse amanhã. De propósito, por longos minutos. A terra batida do sertão se fusiona com o mar. Sobe a trilha sonora de Heitor Villa-Lobos, citações a Euclides da Cunha e por aí afora.

No Cinema Novo de 1964, o Brasil era contado a partir de um fetiche pelo sertão. Mas o país era (e é) uma pluralidade. Urbana e depressiva, como em “Noite Vazia”, de Walter Hugo Khouri, do mesmo ano.

“Baronesa” foi dirigido e roteirizado por Juliana Antunes. Mistura realidade e ficção. Acompanha o Brasil periférico, pobre.

A manicure Andreia e a dona de casa Leidiane moram em uma favela na Grande Belo Horizonte. Negão fecha com elas a tríade. Em comum, o tráfico de drogas que explode na comunidade.

Eis uma boa sacada: Negão convive com as duas, mas “Baronesa” mantém o foco nas mulheres. O cinema brasileiro acostumou-se a achar que a violência é masculina. No filme, a tensão permanece nos olhos de Andreia e Leidiane, que estão longe de serem mocinhas puras.

No entanto, o discurso das personagens derrapa. Muitas vezes soa enfadonho, exaure. O vaqueiro Manoel corria desesperado e tínhamos que observá-lo. Em “Baronesa”, a manicure Andreia fala excessivamente por minutos até concluir o raciocínio e impor alguma epifania.

Vende a imagem de mulher alfa, em contraponto à pacata Leid, mãe de quatro filhos. Mas nem sempre o clímax se dá nesses papéis estanques. Não à toa, o ponto alto de“Baronesa” acontece quando um imprevisto quebra a roda dos acontecimentos, até mesmo para a equipe de filmagem.

Em “Corpo Delito” (2017), de Pedro Rocha, o presidiário Ivan é introspectivo.“Arábia” (2017), de Affonso Uchoa e João Dumans, mescla a realidade com soluções oníricas. “As Boas Maneiras” (2017), de Juliana Rojas e Marco Dutra, escala a ficção. Todos são o Brasil. Dentro ou fora da abordagem social-econômica, tão marcante em “Baronesa”, já que o humano em nós não se resume à tábula rasa da mais-valia.

Os pontos positivos do filme projetam-se para o futuro. “Santa Marta: Duas Semanas no Morro” (1987), de Eduardo Coutinho, também deixou um registro antropológico. Fala sobre o lugar que depois se perdeu, tornando-se um celeiro para novas safras de maldades. Sobre elas falarão os filhos de Leid. Se o país permitir que ainda estejam vivos.

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