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Documentário corajoso de André D'Elia denuncia devastação do cerrado

Sem preocupações artísticas, 'Ser Tão Velho Cerrado' se assume como instrumento de combate

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Cena do documentário 'Ser Tão Velho Cerrado' - Divulgação

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Alexandre Agabiti Fernandez

Ser Tão Velho Cerrado

Avaliação: Bom
  • Quando: Estreia nesta quinta (9)
  • Classificação: Livre
  • Produção: Brasil, 2018
  • Direção: Direção André D’Elia

Veja salas e horários de exibição

Quando a imprensa fala sobre destruição na natureza, o foco geralmente é a Amazônia. No entanto, o bioma mais devastado do Brasil é o cerrado. Este documentário do diretor e roteirista André D’Elia —afeito às causas ambientais, como demonstram os longas “A Lei da Água” (2015) e “Belo Monte - Anúncio de uma Guerra” (2012)— procura sensibilizar o grande público sobre a situação da savana brasileira, que está em avançado processo de extinção.

A primeira parte apresenta o cerrado, o bioma mais antigo do planeta, com 40 milhões de anos. Biólogos, agrônomos, moradores e ambientalistas mostram a relevância do bioma, como sua biodiversidade, feita de centenas de espécies de animais e plantas que só existem ali; seu potencial farmacológico e alimentar, muito pouco conhecido em outras regiões; sua importância para a sobrevivência dos outros biomas que o rodeiam, pois capta a água que abastece grande parte das bacias hidrográficas do país.

Em seguida, o filme aborda os problemas, provocados principalmente pelos latifúndios do agronegócio, cujo modelo de exploração se baseia na monocultura da soja e na pecuária.

Desmatamento indiscriminado, uso de pesticidas banidos no resto do mundo, extinção da fauna e da flora, contaminação dos rios, desertificação e outras mazelas são denunciados com firmeza. A narrativa se desloca para a seara da política. Latifundiários são ouvidos e seus discursos são constrangedores de tão frágeis.

O agronegócio só beneficia os grandes proprietários, não gera emprego e nem riqueza para a região, muito pelo contrário. A esse modelo o filme contrapõe a agricultura familiar, que fixa as populações no campo, produz alimentos de mais qualidade e respeita o meio ambiente.

Uma dupla de atores —Juliano Cazarré e Valéria Pontes— faz constantes intervenções com informações que ampliam a perspectiva. Seus melhores momentos são aqueles em que oferecem dados e argumentos que desautorizam as falas dos grandes proprietários e sua lógica movida apenas pelo lucro.

Essa devastação é permitida pelo novo Código Florestal, daí o empenho do filme em defender a Lei do Cerrado, embora não forneça maiores elementos sobre o andamento dessa luta.

Paralelamente, mostra as duras discussões sobre o plano de manejo da Área de Proteção Ambiental de Pouso Alto, em Goiás, e a ampliação do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, no mesmo estado, destacando a resistência dos ruralistas, que incendiaram cerca de um quarto da superfície da reserva em represália à ampliação.

Numa linguagem direta, sem preocupações formais ou artísticas, o filme se assume como instrumento de combate. Algumas vezes há redundâncias —como as imagens servindo meramente para ilustrar alguma fala—, um didatismo um tanto excessivo e desnecessário em certos momentos, uma incômoda fragmentação na apresentação da enorme quantidade de preciosas informações, ou a insistência em tratar a beleza da fauna e da flora como cartão-postal. Mas isso tem pouca importância diante da catástrofe que o filme revela com coragem.

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