Selfie perfeito faz pessoas deitarem no chão de instalações em São Paulo
Exposições estão no Farol Santander, centro cultural que virou point de imagens nas redes sociais
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Numa grande sala escura começam a surgir nas paredes grandes bolas iluminadas, com furinhos —como nas de golfe. Uma criança corre para posar ao lado, já faz logo a posição com a mão como se segurasse as esferas, para ser fotografada pelo adulto com celular em mãos.
Estamos na instalação “Up There” (lá no alto), de Regina Silveira. Um som profundo nos joga para a sensação cinematográfica de espaço sideral. Os corpos celestes atravessam as paredes e depois surge um azul claro, cortado por nuvens brancas. Ao fundo da sala, janelas onde se veem as mesmas figuras espaciais. Depois tudo se repete.
Segundo Silveira, a obra está inserida em uma parte de sua produção ligada à interrogação sobre o infinito. “É uma janela para o espaço, uma viagem de três minutos em que você está no chão e é elevado ao cosmo”, diz a artista gaúcha de 80 anos.
“Existe uma surpresa e o som parece que engole [o visitante]. A surpresa dura pouco mas o suficiente para gerar estranheza”, completa ela.
A sala fica no 22º andar do antigo prédio do Banespa. Espécie de Empire State paulistano, o edifício já era vocacionado para fotos, mas, desde que foi ocupado pelo Farol Santander, virou o point dos selfies de Instagram.
Subindo ao próximo andar, nos deparamos com casais e famílias deitados no chão mirando os smartphones ao teto. Uma sala toda coberta por espelhos e construções que lembram favos de mel e circuitos elétricos cortados em alumínio e estantes de madeira.
Na instalação do francês Serge Salat, “Beyond Infinity” (além do infinito), a luz amarela dá a sensação de estarmos num jogo ensolarado, com nossa imagem reproduzida à exaustão para todos os lados.
Como as imagens são refletidas inclusive no chão, quem estiver usando saia —caso desta repórter—exibirá involuntariamente um ângulo incomum para espaços públicos.
Para Silveira, a interação com o público é importante mas o hábito de fazer fotos não é uma interação. “Tirar fotografia é uma bobagem, é perpetuar, fixar na memória, não é interação”, afirma.
“Às vezes as pessoas ficam fazendo fotos e não veem as coisas. As pessoas não estão tomando tempo de perceber no afã de fixar sua presença.”
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