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'Soldados da Borracha' denuncia males deste Brasil tão cruel e injusto

Documentário resgata história da extração de látex na Amazônia durante a Segunda Guerra

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Imagem do filme 'Soldados da Borracha', exibido no É Tudo Verdade - Divulgação

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Soldados de Borracha

Avaliação: Bom
  • Quando: Sesc 24 de Maio, sáb. (13), às 13h; Estação Net Botafogo (Rio), dom. (14), às 17h e às 20h30
  • Classificação: Livre
  • Produção: Brasil, 2019
  • Direção: Wolney Oliveira

Durante a Segunda Guerra Mundial, quando a neutralidade pretendida por Getúlio Vargas não era mais possível, o governo brasileiro resolve colaborar com os Estados Unidos, mas em seus próprios termos: uma boa soma em dinheiro americano serviria para enviar um exército de trabalhadores à Amazônia, visando a extração de látex para a confecção de armas.

Trabalhadores rurais das regiões Norte e Nordeste juntam-se então ao esforço de guerra porque lhes prometem estabilidade financeira e boa alimentação no processo. Ao chegar à Amazônia, esses trabalhadores percebem que a coisa não seria bem como prometido.

“Soldados da Borracha”, de Wolney Oliveira, conta essa história de maneira sóbria, embora seja sensível a indignação. O filme explora essa injustiça histórica de maneira didática, com um bom número de imagens antigas, gráficos reproduzidos e depoimentos dos poucos que ainda estavam vivos durante a produção.

O que esses trabalhadores sempre quiseram é a prometida aposentadoria militar e o reconhecimento de que esses “soldados” foram de fato heróis —um letreiro informa que o número proporcional de mortes entre os soldados da borracha foi maior que entre os enviados para o front de batalha.

Pode-se censurar o aspecto demasiado comportado do longa, que frequentemente se confunde com uma grande reportagem de TV. Pode-se reclamar do formato batido que alterna entrevistas com imagens de arquivo. Mas é um filme a que vemos sem sacrifício.

O assunto garante o interesse: uma injustiça a mais num país cheio de injustiças. O uso das pessoas para determinados fins, sem que a integridade dessas pessoas seja respeitada. Um retrato do Brasil.

As imagens de arquivo e as imagens amazônicas, sobretudo no final, contribuem para o aspecto plástico. Os entrevistados nos deixam saber de um território sem lei, em que um olhar atravessado poderia causar assassinato. E do desprezo dos sucessivos governos com a questão desses trabalhadores.

Pensando bem, o país todo está mergulhado num lamentável desprezo de classes. Cada vez mais, por aqui, pobres são vistos como escravos. Quando muito pobres, são vistos como vagabundos. Alguns querem até eliminá-los. Tristes trópicos.

Essa pode ser uma das funções do documentário brasileiro recente. Já que valor cinematográfico é algo restrito a obras raras como “Retrato de Identificação”, de Anita Leandro, ou alguns filmes de Eduardo Coutinho, que pelo menos se investigue e denuncie os males desta terra tão cruel e injusta.

“Soldados da Borracha” permite constatarmos mais uma vez o descaso direcionado aos menos favorecidos na pirâmide social brasileira. Não sairemos da lama enquanto esse mal prevalecer.

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