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Documentário sobre Tunga interpreta marcos simbólicos de sua vida

Não são poucos os desafios a serem encarados ao fazer um filme sobre o pernambucano

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Tunga - O Esquecimento das Paixões

Avaliação: Bom
  • Classificação: 18 anos
  • Produção: Brasil, 2018
  • Direção: Miguel de Almeida
  • Duração: 73 min

Em 2015, o diretor Miguel de Almeida lançou o documentário “Não Estávamos Ali para Fazer Amigos”. Feito em parceria com Luiz Cabral, o filme mostrava a atuação da Ilustrada nos anos de redemocratização, na década de 1980. 

Eles se dedicavam a um momento da imprensa e da cultura já esquadrinhado do ponto de vista histórico. Além disso, embora nem tudo seja objetivo no jornalismo, alguma lógica permeia o ofício, o que tende a facilitar as escolhas do cineasta.

Nos anos seguintes, Almeida se dedicou a levar a arte contemporânea ao cinema, desafio um tanto mais complexo. Se o jornalismo busca esclarecer os mistérios, a arte os cultiva. Estamos no terreno da intuição, do delírio, da potência física, da provocação, especialmente quando se trata da obra de Antonio José de Barros Carvalho e Mello Mourão, o Tunga (1952-2016), tema do novo documentário do diretor.

Tomada a decisão de fazer um filme sobre esse artista pernambucano, não são poucos os desafios a serem encarados. Como evitar uma cinebiografia convencional para abordar uma trajetória nada convencional? Como traduzir para a representação bidimensional do cinema o impacto das esculturas de Tunga? Como conter o excesso de teorizações em torno de uma obra de tantas leituras possíveis?

O filme se sai bem ao enfrentar essas questões. Em vez de uma narrativa detalhada com começo, meio e fim, disponível em enciclopédias de arte brasileira, Almeida escolhe apresentar (ou interpretar) apenas alguns marcos simbólicos da vida de Tunga, como a influência do pai, o poeta Gerardo Melo Mourão, e a troca de referências com nomes da mesma geração, como Cildo Meireles.

O documentário lembra ainda momentos em que o grande prestígio internacional do artista ficou evidente, como a exposição da obra “À Luz de Dois Mundos” no Louvre, em 2005, e a abertura da galeria dedicada a ele no Instituto Inhotim, em 2012. Embora separados por sete anos, episódios como esses surgem integrados ao longo do filme, é a plasticidade das obras que os une.

Se a exuberância tridimensional está fora de alcance, limitação que nem uma projeção em 3D resolveria, o documentário sabe explorar as texturas da variedade de materiais usados por Tunga, como o ferro, o vidro, o feltro. A tensão inerente às esculturas também prevalece nas performances, como a histórica “Xifópagas Capilares” (1984), em que duas jovens ligadas pelo cabelo caminham lado a lado.

 Além disso, Almeida usa os depoimentos de críticos e amigos com parcimônia, sem recorrer ao desgastado expediente dos “talking heads”.

 “O que a arte tenta fazer é deixar a vida um pouco mais intensa, divertida e cheia de sentido”, dizia Tunga. Como mostra o recém-lançado documentário, a arte dele alcançou esse lugar.   

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