Cinebiografia de Wilson Simonal é mais didática do que emocionante
Mesmo com personagem envolvido em episódio da história política brasileira, a música fica em primeiro plano
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Há uma escolha importante feita em “Simonal”. Mesmo com um personagem envolvido num episódio importante da história política brasileira, a música fica em primeiro plano na cinebiografia do cantor.
A ascensão e queda de Wilson Simonal, vivido com intensidade por Fabrício Boliveira, é contada com edição enxuta. É muita história que precisa caber em duas horas, então o ritmo é ágil, e o diretor Leonardo Domingues teve de fazer escolhas meticulosas.
A narrativa acaba fluindo, mas deixa uma sensação de saltos na história, na tentativa de abordar a juventude sem dinheiro, o sucesso estrondoso e a fase de perseguição depois do envolvimento de Simonal com o Dops.
Mesmo dando espaço para as crises do casamento e as manifestações de racismo que aparecem em seu caminho, a música é farta. Isso é bom, porque o repertório de Simonal, apesar de seu sucesso nos anos 1960 e 1970, parece hoje estar restrito às memórias.
O filme então ativa a lembrança enquanto inúmeros hits ganham performances na tela —“Lobo Bobo”, “Mamãe Passou Açúcar em Mim”, “Meu Limão, Meu Limoeiro”, “Nem Vem que Não Tem” e outros.
Há muito capricho nas reproduções de números de Simonal em programas de TV. Um ponto alto é a cena do show em que ele abre a noite para Sergio Mendes e acaba roubando as atenções do astro principal. São usadas algumas imagens do show real, que deixam evidentes os detalhes da reprodução cenográfica.
Quando o filme toma liberdades, os resultados são bons. Transformar o encontro de Simonal com a futura mulher, Tereza (Ísis Valverde), num número de musical quase hollywoodiano funciona bem.
Como em quase todas as cinebiografias de cantores e compositores, há simplificações exageradas sobre o ato de escrever uma canção. A conversa entre Simonal e Jorge Ben Jor a respeito de “País Tropical” é difícil de levar a sério.
Num balanço, “Simonal” consegue vingar num gênero que já começa a saturar o mercado. Mas é mais didático do que emocionante.
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